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Escravidão e reencarnação

                 A notícia de que a escravidão fora abolida, em maio de 1888, foi recebida  com festa, naquele ano,  em todo o país, conta-nos  a historiadora Ana Flávia Magalhães, Professora da Universidade de Brasília (UnB). Mas o racismo continuou a ser  alimentado pelas elites brancas da época, inclusive por pessoas que tinham defendido o fim da escravidão, entendendo que os recém libertos eram incapazes de viver em sociedade,  depois de anos passados em cativeiro.

 Talvez isso explique o que acontece  até hoje, inclusive com pessoas famosas, como o jogador Vini Junior, discriminados pela cor da pele. Feita esta introdução, reflitamos   sobre as consequências da escravidão sob a ótica da filosofia espírita, não só de negros, pois no Brasil, volta e meia, temos notícias de trabalhadores não negros, sendo submetidos a trabalho análogo ao escravo:

  Segundo “O livro dos Espíritos”, sistematizado por Allan Kardec, toda sujeição absoluta de um homem a outro é contrária à lei de Deus”. A escravidão é um abuso da força e desaparecerá com o progresso, como desaparecerão, pouco a pouco, todos os abusos.

  Qualquer lei humana  que consagra o trabalho em condição escrava, seja pela  remuneração incompatível , ou falta de, ainda   jornada excessiva,  é  antinatural, visto que assemelha o homem ao animal e o degrada moral e fisicamente, levando-o à  deterioração  ao invés de encaminhá-lo em direção ao aprimoramento, que é o objetivo central da encarnação .

Nessa perspectiva, a escravidão é uma atrocidade que contraria a lei da liberdade, pois constitui um abuso da força que cerceia o livre-arbítrio dos homens, além de infringir, também, a lei de igualdade, uma vez que se baseia na premissa de que um indivíduo ou povo possui superioridade sobre outro a ponto de subjugá-lo, contrariando o princípio de que somos todos iguais perante Deus.

Se a escravidão contraria a lei de Deus, por que Ele a permite, podemos perguntar. Não devemos esquecer do livre-arbítrio que    nos  é dado, sem o qual seríamos ‘marionetes’. Assim, temos liberdade pessoal para desenvolver ações individuais e coletivas, mas o certo e o errado estão gravados em nossa consciência.  A partir disso, considerando-se a escravidão que ocorreu no período colonial brasileiro, os portugueses, utilizando-se do livre-arbítrio, usufruíram de suas vantagens para subjugar e escravizar os negros africanos, obtendo mão de obra forçada na colonização das Américas.

 Exercendo  tal liberdade, os nossos colonizadores contraíram débitos   para as  existências futuras, uma vez que todas as ações na Terra estão sujeitas às leis de Deus e determinarão a felicidade ou infelicidade na continuidade da vida, na erraticidade,  ou reencarnados.

 Todos  sofreremos as consequências de nossas  ações, confrontadas com a lei de causa e efeito, estando sujeitos a encararmos o mesmo mal que fizemos, não como um castigo divino, mas por imposição da consciência para, sentido na própria pele, aprendermos e não repetirmos.

 Assim, considerando que a escravidão não ocorreu exclusivamente no Brasil,   pode-se concluir que aqueles que passaram por essa dura prova, provavelmente em encarnações anteriores, foram escravocratas ou compactuaram com a escravidão.

Sobre os preconceitos de etnias, ou qualquer outro,  a lei da reencarnação nos ensina que o branco de hoje pode ser preto na próxima. Rico hoje, pobre manhã. O homem renascer como mulher e vice versa,  reafirmando que nenhuma condição social  e  de gênero  é permanente.

Portanto, os princípios que se aplicam à escravidão são contrários às leis de fraternidade universal, igualdade de direitos sociais e liberdade, sobre as quais está apoiado o princípio da pluralidade das existências.

 Logo, é inteligente a prática da benevolência, bondade e humanidade com todo e qualquer indivíduo, sem distinção de cor, raça  e nacionalidade, pois, no futuro, poderemos nos encontrar na mesma condição daquele a quem proferimos ofensas ou subjugamos.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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