Muitos de nós tivemos paixões arrebatadoras na adolescência, na juventude e outras épocas da vida. Falo de paixão no sentido de ficar e estar apaixonado, porque a palavra paixão, segundo os dicionários, tem o sentido de sofrimento, daí a origem das expressões paixão de Cristo e Sexta-feira da paixão, por exemplo.
Algumas vezes nos apaixonamos de maneira inesquecível e quero falar de uma que senti e até hoje me leva a sonhar. Refiro-me no título, e esta semana tive um sonho, à paixão pela carreira , quando fui aprovado em concurso e passei a trabalhar no Banco do Brasil.
Fiz uma carreira rápida. Com 12 anos de serviço galguei o posto mais alto que me era possível, o de Gerente Geral de Agência. Foi uma paixão arrebatadora e semana passado, talvez influenciado pelas notícias do lançamento do plano safra, com mais recursos que os anteriores, sonhei fazendo uma reunião com a equipe, possivelmente na agência de São João do Ivaí, orientando e motivando os funcionários financiamento da safra.
Isso que é paixão, pois estou aposentado há 27 anos e não é a primeira vez que sonho trabalhando no Banco.
A propósito de paixões, vejamos um texto para refletirmos:
As paixões humanas costumam provocar dores, doenças e tragédias. A gula, a vaidade, a ganância, a sensualidade, a sede de poder, nada disso parece muito elogiável. Contudo, as paixões são inerentes à Humanidade. Se são um mal, por que será, então, que Deus as criou?
Na verdade, as paixões não são um mal em seu princípio. Todas as paixões derivam do instinto de conservação. Sem esse instinto, os seres, notadamente os primitivos, não viveriam o suficiente para se aperfeiçoarem. O instinto de conservação faz com que busquemos segurança e conforto.
Quando bem direcionadas, impulsionam o ser na direção da preservação de sua vida ou da espécie a que pertence. Nessa linha, os atos relacionados com a alimentação e a procriação são propositadamente prazerosos e instigantes. Se não fosse assim, a vida material correria o risco de perecer.
Tendo em vista que a essência espiritual se elabora e aperfeiçoa, de forma paulatina, nos embates da matéria, as paixões são necessárias, em sua gênese. O problema reside no excesso.
Por exemplo, a saciedade é o limite que a natureza coloca em relação às necessidades materiais. Quando a vontade provoca acréscimos nos naturais apetites do corpo, caímos no excesso prejudicial à vida e ao bem-estar. Por outro lado, na medida em que a inteligência se desenvolve, a predominância dos instintos diminui.
Com a razão, surge o senso moral a nos nortear a conduta. A partir de determinado momento, o apego às paixões ligadas à matéria não mais se justifica.
Um animal necessita ser egoísta para sobreviver. Se não colocar a própria vida em primeiro lugar, rapidamente tomba vítima do apetite alheio. O viver humano não tem essa conotação.
Gradualmente, progredimos, caminhamos para a angelitude. Dessa forma, é importante aplicar esforços para domar as paixões materiais. A urgência sexual do instinto, cedo ou tarde, necessita ceder espaço para emoções mais nobres. Há prazeres mais sublimes e constantes do que os oriundos do corpo físico. Eles nascem do desapego, do prazer de ser útil, da prática da benevolência.
Contudo, a paixão, enquanto alavanca do progresso, persiste no ser. Não devemos ser mornos ou apáticos. É importante nos apaixonarmos por causas, por ideais, e lutar pela sua concretização.
Um exemplo de paixão a serviço da Humanidade foi dado por Madre Tereza de Calcutá. Quando indagada sobre a forma pela qual encarava as outras religiões, respondeu: Amo todas as religiões, mas sou apaixonada pela minha.
Essa paixão, convertida em atos nobres, amparou milhares de pessoas. Por isso, ser apaixonado é bom. É preciso cuidar apenas para que o objeto da paixão seja bom, útil.’
Voltando ao início, tive pelo outra inesquecível, que impulsionou minha vinda para o Paraná, estado, pelo qual também me apaixonei. Mas é segredo.
Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução