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Admiráveis canhotos, até pela direita

Nos estertores da minha adolescência, primórdios da juventude, que perdura, já não com tanta intensidade, fui admirador de alguns canhotos, que na época chamávamos de canhoteiros, no futebol, e cito alguns, que nem jogavam no ‘meu time’:

      Rivelino e Gerson, meias. Pepe, Edu e Nei,( único do Palmeiras)  pontas pela esquerda, todos canhotos, que eu buscava imitar, mesmo sendo destro, de direita portanto,  um atacante que começou na meia-direita, como Leivinha, depois centroavante, como César Maluco, ambos do Palmeiras.

      Mas atuei na esquerda, também. Primeiro na ponta esquerda, escalado pelo técnico Zé Reis, do time do Km 28 de Alfredo Marcondes-SP, e quando mudei para Mandaguaçu, fui colocando na lateral esquerda, pelo Airton Molambo, técnico do time do professor Nestor, em 1969. Acho que fui razoavelmente bem, mas nas primeiras oportunidades, busquei meu espaço pelo centro e mais para a direita, mesmo mantendo minha admiração pelos canhotos.

Minha carreira futebolística foi interrompida precocemente, para os amadores, aos 45 anos, em virtude de uma contusão no tornozelo, e depois uma operação de catarata, no olho direito, decorrente de cirurgia para corrigir miopia, mas admiração por canhotos como Rafael Veiga, Scarpa, Ganso, dentre outros, continua.

Não posso deixar de falar dos chamados pontas pela direita, na época dos citados da esquerda. Também eram chamados de extremas, e o maior de todos foi Garrincha.

Voltando à minha admiração pelos pontas esquerda, dos anos 60 e 70, quero destacar mais um que jogou no Palmeiras. Falo de Luís Ribeiro Pinto Neto, o Lula, pernambucano de Arcoverde, nascido em 16 de novembro de 1946.

Lula foi revelado pelo Ferroviário de Natal, quando chamou a atenção de um olheiro do Fluminense que o levou para o clube carioca. Foi emprestado ao Palmeiras, onde ganhou seu primeiro título brasileiro, a Taça Brasil de 1967. De volta ao Fluminense, permaneceu até 1974, quando transferiu-se para  o Internacional gaúcho, onde atuou até 1977.

De comportamento rebelde fora dos gramados, desentendeu-se com o  ex-treinador Rubens Minelli, que pediu demissão, mas foi demovido pelo então vice-presidente de futebol, Federico Arnaldo Ballvê. O mesmo Ballvê proferiu uma frase famosa sobre Lula: “Durante a semana ele nos incomoda, e no domingo incomoda os adversários”.

Encerrou a sua carreira no Sport Recife 1979. Pela  Seleção Brasileira atuou em 13 partidas, marcou dois gols e ganhou cinco títulos. Em campo, Lula era veloz e goleador. A partir de 1989, também atuou como treinador de diversos times da Arábia Saudita, onde continuou a trabalhar até 2014.

Outro canhoto famoso, que atuou no Palmeiras, foi Jair da Rosa Pinto, que chegou ao clube após vestir as camisas do Flamengo e do Vasco, e disputar a Copa de 1950 com a Seleção Brasileira. Lá ficou até 1955, onde foi ídolo incontestável, conquistando o primeiro título mundial de um clube brasileiro, em 1951, no torneio disputado aqui em nosso país ( há quem conteste esse mundial do Palmeiras)

 Segundo jornalista Milton Neves, Percy Geraldo Bolsonaro e Olinda Bonturi, pais de Jair Bolsonaro, escolheram o nome Jair  em homenagem a Jair Rosa Pinto.

      Sobre pontas, chamados de extremas tanto pela esquerda quanto pela direita, há um bom tempo deixaram de existir os que iam à linha de fundo para cruzar para o centroavante. Lembro que em 1982 o humorista Jô Soares fez muito sucesso, com um quadro em que dizia: ‘bota ponta, Telê’.

      Hoje os pontas canhotos fazem sucesso pela direita e os destros pela esquerda. Já não há espaço para os ‘extremistas’. Quase sempre atuam da direita ou esquerda, para o centro.

      E concluo, informando que Lula faleceu em  11 de fevereiro de 2022, aos 75 anos. Jair ( da Rosa Pinto), nascido em Quatis-RJ, com 83 anos retornou ao Mundo Espiritual em 28  de julho de 2005, sendo lembrado como ídolo histórico de Flamengo, Palmeiras, Santos e Vasco.

      Na esquerda ou na direita, sem extremismos.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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