A primeira ação protocolada na Justiça no início dos anos 1980 não foi adiante por falta de jurisprudência nesse tipo de processo contra o Estado.
Agora, passados 56 anos do crime bárbaro contra o menino Clodimar Pedrosa Lô, cometido por dois policiais militares, a família do adolescente volta a acionar o Estado do Paraná, com base em indenizações conquistadas por familiares e vítimas de torturas e mortes cometidas pelo regime militar. O pesquisador Miguel Fernando, na condição de consultor histórico (voluntário) tomou a iniciativa, procurou os familiares de Clodimar e o advogado Wilson Quinteiro, que havia atuado em processos de presos políticos e vencido alguns. Quinteiro aceitou a causa e deverá entrar com ação judicial, por ter certeza de que cabe indenização para o emblemático caso. “Ficou uma lacuna na história. Há uma responsabilidade do estado. O tutor de Clodimar ainda vive, irmãos, sobrinhos… A família busca reparação moral”, explicou o advogado.
O crime ocorreu em novembro de 1967, quando a Polícia Militar foi acionada para atender a uma denúncia de furto de dinheiro de um hóspede do Palace Hotel. Quando os policiais chegaram o gerente do hotel, Atílio Farris, apontou o dedo para Clodimar, então com 15 anos e que recém admitido como funcionário, era o encarregado de arrumar as camas pela manhã quando os hóspedes do hotel saiam. Dois policiais, Gerson Maia e Beneval Merêncio Bezerra, prenderam o garoto e o mataram de tanto bater. Na época foram chamados de “coices de mula” em manchete do jornal Folha do Norte do Paraná.
Anos depois, o pai de Clodimar, Sebastião Pedrosa Lô, veio do Nordeste para Maringá, com o objetivo de vingar a morte do filho. Ele queria matar os dois policiais e o gerente do hotel. Os PMs estavam desaparecidos e Sebastião acabou acertando as contas com o gerente do Palace, Atílio Farris, morto com seis tiros no centro da cidade. Sebastião foi preso e absolvido em júri popular.
Redação JP
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