Costuma-se dizer que amigos são raros, mas ao longo de uma existência relativamente longa, talvez se possa constatar que não são tão raros assim.
Muitas vezes deixamos de cultivar amizades por longos períodos, e basta um contato para que o que estava latente voltar. No meu caso, a atividade profissional em 12 cidades de 05 estados diferentes, no Banco do Brasil, me levou a contatos com muitas pessoas, entre colegas de trabalho e clientes, e desses amizades surgiram, da mesma forma que as constantes mudanças fizeram com que muitas ficassem adormecidas.
Mas graças às redes sociais, ficaram mais fáceis os contatos, como um que tive no último domingo, conversando longamente com um amigo, feito em Caarapó- MS, que na carreira no BB chegou à vice presidência e me contou que viajou e conversou diversas vezes com o então presidente Lula, que era outro, na sua opinião.
Falamos de família, amigos, alguns já não presentes entre nós, por causa da pandemia e expressamos nossa indignação com a forma como a mesma foi conduzida, e o negacionismo estimulado, que ainda hoje prevalece entre muitos.
Trocamos ideias sobre política, concluindo que ambos tivemos as mesmas posições em 2018 e em 2022, arrependidos amargamente, fizemos a opção que nos pareceu menos pior.
Amizade, amizade, o que é que faz com que uma amizade se solidifique e se torne profunda? Vejamos um texto, para refletirmos:
‘Falando das suas experiências, alguns afirmam que foram momentos de grande dor que fizeram com que eles descobrissem e firmassem uma sólida amizade. A chave, portanto, seria passar por um grave problema juntos.
Outros, contudo, falam de coisas pequenas que se somam no tempo acrescentando, a cada ano, mais uma pedra preciosa ao relacionamento.
Harry e Lawrence pertencem a esse último grupo. São primos em primeiro grau. Nasceram com a diferença de seis meses e separados apenas por poucas quadras.
Desde a mais tenra idade, conviveram. Descobriram que eram muito parecidos. Falavam, gostavam e pensavam de forma muito semelhante.
Quando ambos tinham em torno de cinco anos, Lawrence foi para a festa de aniversário do primo. Era mais uma grande reunião de família, onde se misturavam primos, tias, sobrinhos.
Harry ganhou de um dos convidados uma maravilhosa coleção de soldadinhos de chumbo, pintados com cores vivas e, aos olhos da criançada, pareciam reais. O aniversariante os pegou e mostrou a todos com orgulho.
Brincaram até tarde. Na hora da saída, Lawrence enfiou todos os soldadinhos no bolso da calça.Eram tão lindos que ele os desejou para si. Fingindo naturalidade, foi saindo de fininho, encaminhando-se para a porta.
O que ele não sabia é que o bolso da calça estava furado e os soldadinhos caíram com estardalhaço no chão. Os adultos se viraram todos para o pequeno, com olhos acusadores. Sua mãe lhe desferiu aquele olhar de: O que você fez?
O garoto se sentiu acuado. Tinha vontade de sair correndo, fugir, mas as pernas lhe pesavam. Pareciam pregadas ao chão. Foi o pior momento de sua vida, lembra Lawrence, hoje com mais de setenta anos.
Então, o primo Harry veio em seu socorro. Colocou-se ao lado dele e com segurança falou em voz alta e clara: Eu dei os soldadinhos para ele.
Recordando aqueles momentos, o escritor, que viaja pelo mundo todo, pergunta: De que outro motivo preciso para amar esse sujeito? E são amigos até hoje. Mesmo que, crescidos, tenham seguido caminhos diferentes, prosseguiram a cultivar esse sentimento maravilhoso que nos faz florescer e que se chama: amizade.
E concluímos este da redação do Momento Espírita acrescentando:
A amizade sincera é um oásis de repouso para o caminheiro da vida, na sua jornada de aperfeiçoamento. A amizade leal é a mais formosa modalidade do amor fraterno, que santifica os impulsos do coração.
Quem sabe ser amigo verdadeiro é, sempre, o emissário da ventura e da paz. Ter amizade é ter coração que ama a esclarece, que compreende e perdoa nas horas mais amargas da vida.
Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução