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Pistoleiros e assassinos

Passados mais de dois mil anos de um crime político, travestido de execução de sentença, que  hoje é lembrado e reprisado,  através de espéculos teatrais por quase todo o Planeta, a Paixão de  Cristo, assassinatos com  diferentes e inexplicáveis motivações, inclusive políticas, continuam acontecendo.

      No Brasil, há seis anos se questionava quem mandou matar a vereadora Marielle Franco,  e o motorista, Anderson, até que na semana passada a Polícia Federal prendeu os  acusados, após delação do pistoleiro, dando detalhes do que também pode ser considerado um crime político,  pela participação de autoridades do legislativo e policiais, o que torna os assassinatos mais hediondos.

      Pistoleiros, executores de maldades por encomenda, há tanto no mundo físico, como nas esferas espirituais, é o que nos conta Richard Simonetti, em um texto com o título, pistoleiros do Além, que resumimos para refletirmos:

      ‘Em bairro distante, na confluência de duas ruas, moram duas famílias, uma em cada esquina. O morador de uma das casas sai certa manhã e depara com vela acesa e uma garrafa de aguardente. Ah! Esse povo não tem mais o que inventar em suas práticas religiosas. É coisa de brasileiro mesmo ! – comenta com seus botões. Despreocupado, toma seu automóvel e segue para o trabalho.

Sai o segundo morador. Vê os objetos e arrepia-se: Meu Deus! Um despacho! Alguém querendo prejudicar-me! Afasta-se rapidamente a benzer-se, sem afastar de seu coração a angústia e o medo, que o perseguirão pelo resto do dia, culminando com palpitações e incômodas dores no peito.      

      À noite, longe dali, um devoto agradece ao seu protetor espiritual a dádiva recebida. Conseguira o emprego desejado, após cumprir fielmente a instrução de deixar uma garrafa de pinga com vela acesa numa encruzilhada.

      O despacho não fazia parte de nenhum sortilégio para prejudicar os moradores, mas cada um reagiu segundo suas concepções: O primeiro, racionalmente, considerou que não significava nada para ele, permanecendo impassível. O segundo desequilibrou-se pelo medo. Ficou até doente e ninguém lhe tiraria da cabeça a ideia de que fora vítima de um mal encomendado.
      Poderíamos levantar a seguinte questão:  É possível contratar um pistoleiro para atirar em alguém? A resposta, evidentemente, é afirmativa. Ora, se há aqueles que se dispõem a ser instrumen­tos do mal na Terra, o mesmo ocorre na Espiritualidade. E nem é preciso procurar um intermediário, basta que tenhamos ódio de alguém, que lhe desejemos alguma desgraça e não será difícil atrair Espíritos dispostos a colaborar conosco, autênticos pistoleiros do Além, que usarão as balas da discórdia, do desentendimento, do vício, da aflição, do desajuste, para ferir nossos desafetos.
      Ainda que existam os pistoleiros do Além, tacitamente contratados por alguém que gostaria de nos ver sofrendo, é preciso lembrar um sugestivo ditado popular: Praga de urubu não mata cavalo gordo.
Nenhum perseguidor espiritual precipitará na angústia um coração sintonizado com o otimismo e a alegria de viver.      Ninguém nos incompatibilizará com o semelhante se cultivarmos a compreensão e a tolerância.

     Muitos desejam o chamado corpo fechado, tentando sobrepor-se a atentados à sua integridade física e espiritual com práticas ritualísticas, como quem preten­de trancar-se numa fortaleza. Pode até funcionar, embora precariamente, na medida em que o interessado acredite nisso, apoiando-se em sua convicção. Ressalte-se, todavia, que tais recursos configuram mero escoramento para uma casa mal construída, mal conservada, erguida em solo instável.

      A melhor maneira de nos sobrepormos à influência do mal será sempre o empenho por eliminá-lo de nós mesmos, como se nos abrigássemos numa construção nova, mais sólida, resistente às intempéries, aquela casa a que se referia Jesus, edificada na rocha inabalável de seus ensinamentos.

      Não contem, os maus, com a salvação pela morte de Cristo.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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