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Os ‘santos juninos’

Nas minhas andanças pelo país, em função da carreira profissional no Banco do Brasil, tive a oportunidade de morar na cidade de Icó, interior do Ceará, e sou testemunha de que a tradição das festas juninas, especialmente a de São João, não se arrefeceu com o passar dos anos, como aconteceu em regiões de São Paulo e Paraná, onde nasci e vivo, respectivamente.

      Nos anos 50 e 60, na região de Presidente Prudente, havia uma forte tradição de festas com fogueiras, reza de terços, quentão e pipoca, nas vésperas dos dias de Santo Antônio, São João e São Pedro,  e de graça, promovidas por pessoas devotas. Os dias 13, 24 e 29 de junho eram considerados ‘dias santos’, guardados respeitosamente na área rural, sem trabalho, ainda que não fossem feriados, formalmente.

      Com êxodo rural, a partir dos anos 70, essa tradição foi pouco a pouco diminuindo e hoje praticamente não existe, as grandes festas, que se limitam a promoções de escolas e entidades assistenciais, visando arrecadação de fundos, embora as comemorações, com reza do terço,  por algumas  famílias católicas, devotas dos três santos, ainda aconteçam, e é sobre a vida desses ‘santos juninos’, que falaremos:

      Santo Antônio, foi Fernando Antônio de Bulhões,   nascido em Lisboa, Portugal, em 15 de agosto de 1195. Aos 19 anos entrou para o Mosteiro de São Vicente dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, contra a vontade de seu pai. Morou lá por 2 anos. Depois foi para Coimbra, um importante centro de estudos de Portugal, ficando lá por 10 anos, e ordenado sacerdote. Faleceu em  Pádua, na Itália, em 13 de junho de 1231, foi canonizado em 30 de maio de 1232.

      São João, nasceu em 24 de Junho, é  um dos santos  que teve maior proximidade com Jesus. Era primo de Jesus, filho de Isabel e Zacarias. De acordo com a bíblia, ele se alegrou com a chegada do Messias, ainda no ventre de sua mãe, Isabel, quando esta recebeu a visita de Maria em sua casa. Ele era um profeta que anunciaria a vinda de Jesus Cristo. Sua festa é comemorada no dia 24 de junho, data do seu nascimento. A tradição da fogueira veio do continente europeu e representava um aviso de Isabel para Maria, do nascimento do menino.

      São Pedro foi apóstolo de Cristo, um de seus primeiros discípulos. É considerado o fundador da Igreja Cristã em Roma e o seu primeiro papa. Natural de Betsaida, na Galileia. Filho de Jonas e irmão do apóstolo André, seu nome de nascimento era Simão (ou Simeão). Pedro era pescador e trabalhava com o irmão e o pai. Por indicação de João Batista foi levado por seu irmão André para conhecer Jesus. No primeiro encontro, foi chamado por ele de Kepha (pedra, em aramaico e Petros em grego), para expressar firmeza, pois seria escolhido o líder dos apóstolos. Nessa época de seu encontro com Cristo,  morava em Cafarnaum, com a família de sua mulher.

Dos três, o mais festejado no nordeste  é São João, que virou símbolo das grandes festas juninas, chamadas de ‘o São João’, sendo o 24 de junho, para a região,  uma data de importância equivalente ao 25 de dezembro, o Natal.

Segundo matéria do Jornal o Povo, de Fortaleza, as celebrações no mês de junho têm origem pagã, em que se festejava o solstício de verão para celebrar o início das colheitas. Com a expansão do cristianismo,  foi modificada e se transformando em festa joaninas (vem da palavra João) e depois de festas juninas (junho), acrescentando Santo Antônio e São Pedro nessas comemorações.

As chamadas festas de São João motivam, todos os anos, a dispensa do trabalho, de deputados federais e senadores das regiões norte e nordeste, e em 2024 a folga foi estendida a todos os congressistas.

 Que os ‘santos juninos’ inspirem os nossos  privilegiados representantes,  a serem mais ‘santos’ e menos hereges,  no trato com o dinheiro público.

 Que nenhum  show, dos  bancados com ‘emendas pix’,  tenha sido superfaturado, mas é provável que tenhamos que apelar para São Tomé, que só vendo acreditaria há santos congressistas.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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