Onde e quando os nossos ancestrais começaram a falar? Sabe-se lá… O certo é que o primeiro Adão e a primeira Eva já entraram na história equipados com um aparelho fonador que lhes permitiria articular palavras. Nasceram dotados também de inteligência e criatividade. Já chegaram então ao mundo com aquilo que se convencionou chamar de “competência” para o “desempenho” da comunicação mediante a “linguagem”.
Vai daí que um dia, em algum lugar, um deles emitiu o primeiro sinal significante, muito provavelmente uma interjeição – um “ai” talvez, indicativo de prazer ou de dor. Depois do “ai” deve ter murmurado o “ei”, o “ih”, o “oh”, o “ui”… E Evas e Adões passaram a dar nome às coisas: fruto, peixe, pombo, água (os substantivos) – na língua deles, claro; e a dar nome às qualidades: grande, pequeno, doce, amargo (os adjetivos); e a dar nome às ações: andar, subir, colher, comer (os verbos). Depois inventaram os conectivos, e formaram frases, e mais frases, e outras mais. E nunca mais pararam de tagarelar.
Sabe-se, todavia, que as comunidades primitivas eram nômades: esgotadas as fontes de alimento numa região, mudavam-se dali e formavam novas aldeias. Sabe-se também que o “crescei e multiplicai-vos” foi sempre levado muito a sério; e não é difícil deduzir que as famílias, multiplicando-se, acabavam se dispersando: um grupo ia para o norte, outro para o sul, e assim por diante. Não havendo meios de transporte e comunicação, as novas comunidades perdiam o contato umas com as outras.
Com isso, a suposta língua original (se é que houve uma só) foi aos poucos se transformando. Cada novo agrupamento criou novas palavras, alterou a pronúncia de outras, e de mudança em mudança o mundo chegou a ter, em determinado momento da história, algo em torno de 10 mil línguas. Hoje, segundo dados recentes, 2.796 línguas são ainda faladas na Terra (além de não se sabe quantos dialetos). As línguas dividem-se em 12 grandes famílias. O português pertence à família indo-europeia, juntamente com o francês, o espanhol, o italiano, o romeno, o alemão, o escandinavo, o inglês, o russo, e vários outros idiomas, entre os quais também o sânscrito, o grego e o latim.
Entretanto, graças aos atuais recursos tecnológicos, as distâncias estão sendo anuladas, e a tendência é inverter-se a babel. Além disso, a própria dinâmica da vida moderna impõe a existência de uma língua universal. Houve tempo em que de certa forma esse papel foi cumprido pelo latim. Muitos ainda acreditam ser possível fazer do esperanto o idioma geral. Mas o que se percebe mesmo é o inglês tomando conta do planeta. Dentro de mais uns 30 anos, gostemos ou não, todos os povos serão bilíngues: cada habitante de cada lugarinho da aldeia global usará sua língua nativa para falar com os íntimos… e a língua universal para conversar com o restante da humanidade.
A. A. de Assis
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