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Dudu, um craque na vida

Ao tomar conhecimento da morte física, de Dudu, ex jogador do Palmeiras nas décadas de 60 e 70, lembramos da dupla  que  formou com Ademir da Guia, um craque. Dudu foi um excelente jogador, mas se não foi um craque em campo, o foi na vida, e desta é que queremos falar um pouco, resumindo  matéria  de Marlene Nobre, publicada em maio de 1974:

       Estava diante de Olegário Tolói de Oliveira, figura esguia, gestos francos, sinceridade na acolhida fraterna. Certamente, esse nome passaria despercebido para muita gente, mas era ele mesmo, Dudu, o notável jogador palmeirense, preocupado somente em transmitir sua convicção espírita, e trocar ideias , com a integridade que lhe compõe.

       O pai falecera quando tinha 12 anos. A mãe, heroína, desdobrava-se lavando roupa, preparando marmitas para pensionistas, e o menino Dudu, apelido carinhoso com que seu avô paterno o tornaria amado de tanta gente. Com sacrifícios, formou se contador,  esforçando-se nos estudos noturnos, após o  trabalho diurno. Jogava bastante futebol, mas não pensava em se tornar profissional. Somente mais tarde pôde definir-se, quando sentira a possibilidade de sustentar-se e à própria família com o futebol. Começou jogando    na Ferroviária de Araraquara, e daí para o Palmeiras foi apenas um passo.

      Chegou como titular do time, e o que era para ser só alegria, logo tornou-se uma luta fora do campo. Já casado, não tinha harmonia dentro do lar, a esposa permanecia sempre doente, e Dudu inúmeras vezes teve de se desdobrar entre os labores domésticos e as obrigações com a profissão. Não encontrava explicação para tantos problemas, justamente agora quando seu casamento apenas começava, a sua primeira filhinha nascia.

 Maria Helena, a doce e fiel companheira, conhecia as raízes mais íntimas de sua doença, sabia-se médium necessitada de amparo das reuniões espíritas a fim de equilibrar-se, no entanto, não ousava contrariar o companheiro, que, nessa ocasião, não admitia qualquer alusão à Doutrina Espírita.

      O desespero, o nervosismo crescente e a falta de paz conduziram  Dudu ao campo das verdades eternas. Chegara com os olhos esbugalhados e as faces atormentadas para uma reunião espírita em casa de um parente na Vila Mariana. O pai falecido, desde 1953, falara-lhe nessa noite memorável , ponto de encontro de uma nova vida:

 “Filho, pare e pense porque a vida não é como você está pensando”. Recebeu conselhos de outros Espíritos, pedindo que lesse com atenção os livros espíritas e meditasse nas verdades neles contidas. Naquela noite deixou um peso enorme para trás. O semblante aquietou-se. Desde então, nunca mais deixou a companhia do livro espírita, sobretudo nas concentrações constantes que precisa realizar com o Palmeiras nas excursões pelo Brasil e pelo exterior.

 A religião espírita modificou sua conduta. “Depois que se tornou espírita passou a merecer muito mais respeito no meio dos colegas, no próprio clube e entre os jornalistas da crônica esportiva. Impunha-se agora pelo procedimento e pela moral, pois sentia necessidade de disciplinar-se”. “Antes de entrar em campo oro muito a Deus, pedindo para que não aconteça nada com o povo que comparece ao estádio, para todos os jogadores, tanto os do nosso time, quanto os do adversário, pois todos necessitam da profissão para viver.

      Certa feita, conta que  estava aguardando o embarque para o exterior com o time, quando foi abordado por dois rapazes. Tinham lido uma entrevista em que Dudu falava do Espiritismo, dizendo que conhecia vários livros etc. Um deles pergunta de chofre: por que sendo espírita você dá tanto pontapé dentro do campo e reclama tanto dos juízes? “Olha, meu amigo, sou jogador e também sou humano. Já melhorei muito, já não fumo, não bebo, consegui equilibrar-me sexualmente, mas ainda estou lutando.’

      Nossas vibrações de paz a esse craque na vida, fora de campo, um exemplo. Leia mais  https://www.folhaespirita.com.br/jornal/2024/05/02/folha-espirita-maio-de-1974

Akino Maringá, colaborador    
Foto – Reprodução

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