Você já parou para pensar que o desconforto que algumas pessoas sentem no trabalho talvez não tenha nada a ver com o trabalho em si, mas com o perfil comportamental, com a personalidade delas?
Pense comigo, como se sente alguém que precisa trabalhar com muita gente, se relacionar com pessoas, mas que tem um personalidade mais introspectiva, mais quieta?
Certamente, há um descompasso entre a personalidade dessa pessoa e a função que ela exerce. Isso é um problema. Problema para a pessoa, que está se agredindo emocionalmente; problema para a empresa, que tem um colaborador que não rende tanto quanto poderia render; problema para as pessoas atendidas por esse colaborador.
Uma das razões de defender frequentemente o autoconhecimento é que, sem saber de fato quem você é, pode estar ocupando lugares que não combinam com você.
Por exemplo, eu sou uma pessoa muito crítica, exigente e introspectiva. Eu gosto de ficar mais quietinho, lendo, pesquisando… E, embora trabalhe com comunicação, meu potencial para os relacionamentos é limitado. Esbarro naquilo que algumas pessoas fazem com naturalidade… Aquele bate-papo informal entre pessoas não é um lugar confortável para mim. E isso tem a ver com minha personalidade.
Por outro lado, a dona Rute, minha esposa, não sobe num palco. Pedir para ela dar uma aula? Fazer uma palestra? Sem chance. Por outro lado, ela pode nunca ter visto você, mas se te encontrar numa banca do supermercado, em poucos minutos, vocês estarão conversando à vontade.
Ou seja, ela tem um perfil relacional dominante. Se relacionar com pessoas é natural para a Rute. Ela é esteticista e trabalha com pessoas. Nem preciso dizer que as pacientes simplesmente a amam.
Por que? Não é só porque ela é uma profissional muito competente. Também é porque está no lugar certo. Ela sabe se relacionar, ela sabe se conectar com pessoas.
Tá pegando a ideia?
O que quero que você entenda é que você precisa saber qual é a sua personalidade, ou seu perfil comportamental, para que você seja feliz e bem-sucedido no trabalho, nas suas relações, na sua vida.
Se você tem um jeito de ser e está se obrigando a fazer algo que não combina com que você é, você será infeliz.
Tempos atrás, conheci um rapaz com enorme facilidade para os relacionamentos. Mas, em busca de estabilidade profissional, ele fez um concurso público. Ele passou. Mas a nova função demandava dele que ficasse o dia inteiro numa sala, sozinho, cercado de papéis.
Bom, não demorou para ele desenvolver dores de cabeça, ansiedade e entrar em depressão. Qual era o problema? Ele estava no lugar errado.
Quando fazemos coisas que não combinam com nossa personalidade, agredimos nossa saúde. O corpo todo sofre. Tem gente que tem dores de cabeça frequentes, tem gente que tem dores nas costas, desenvolve problemas na pele, a imunidade baixa e a pessoa passa a ter gripes frequentes, vive precisando se afastar do trabalho…
E a culpa não está no trabalho. O problema está no descompasso entre a personalidade da pessoa e o perfil da função que ela precisa exercer.
Quando a pessoa se conhece, sabe como é, ela pode mudar de carreira, mudar de função e ser mais feliz no trabalho.
Portanto, minha dica para você hoje é: busque se conhecer. E, ao se conhecer, respeite-se! Procure ser flexível, exercendo a inteligência emocional. A chamada “plasticidade neural” é uma realidade do cérebro. Ou seja, podemos nos adaptar, podemos adquirir novas habilidades.
Mas, lembre-se: existem coisas que são nossas, que fazem parte da essência do que somos – que fazemos com mais leveza, com mais facilidade. Por isso, ao se conhecer, não tente ser o que você não é.
Ronaldo Nezo Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras – Doutor em Educação