As contribuições da comunidade árabe na formação e no desenvolvimento da sociedade paranaense foram enaltecidas na noite desta segunda-feira (22), na Assembleia Legislativa. Na cerimônia, promovida por iniciativa do 1º secretário, deputado Alexandre Curi (PSD) e pelo líder do governo, deputado Hussein Bakri (PSD), personalidades que dedicaram suas vidas a promover os valores culturais, éticos, os laços fraternais e a riqueza desta etnia, desempenhando papéis fundamentais na aproximação com o Paraná, foram distinguidas com diplomas de menções honrosas.
Segundo os parlamentares proponentes, o reconhecimento é justo e merecido, pois essas personalidades se dedicaram a promover a riqueza cultural, os valores éticos e os laços fraternais que unem e enriquecem a sociedade paranaense. Na opinião deles, é importante reconhecer os esforços e dedicação destas figuras notáveis. Destacam que são pessoas essenciais para a preservação e o fortalecimento da herança cultural árabe no Paraná.
O deputado Alexandre Curi afirmou que a homenagem tem a missão de valorizar a cultura árabe, muitas vezes vítima de preconceito. “Celebrar a comunidade árabe na Assembleia Legislativa é trazer mais conhecimento, reconhecendo a contribuição desses povos para a formação da nossa sociedade e combatendo o preconceito. A história da imigração árabe no Paraná merece ser ouvida e contada”, sublinhou.
O deputado Hussein Bakri destacou a importância da comunidade árabe para o desenvolvimento do país. “Tenho um orgulho imenso da força do povo árabe, da trajetória de luta, da ajuda na construção e no desenvolvimento do Brasil. São mais de 15 milhões de imigrantes e descendentes em nosso país, marcando presença importante na nossa cultura, gastronomia, música. Parabéns a toda população árabe no Brasil e obrigado aos brasileiros pela irmandade consolidada ao longo de décadas. Que esses laços se fortaleçam cada vez mais e que sempre haja irmandade e cooperação mútua entre os nossos povos”. Ele lembrou que em Foz do Iguaçu, inclusive, temos a segunda maior comunidade árabe do Brasil com cerca de 12 mil pessoas, que exercem grande influência no comércio, na cultura e na culinária do município.
Um dos momentos emocionantes, que encantou os presentes, ocorreu durante a apresentação do trio Alma Síria, formado por Myria, Abed e Lúcia. Por meio de instrumentos milenares e de canções entoadas em árabe, o trio transportou os presentes ao ambiente caloroso e vibrante da terra natal. Eles são da região de Aleppo na Síria e chegaram a Curitiba há 10 anos. Desde então, se apresentam nos palcos brasileiros com a missão de transmitir a riqueza musical de seu país de origem.
Homenageados
Fabíola Akel, diretora e fundadora da Orquestra Ladies Ensemble, a primeira orquestra feminina do Brasil disse que ficou muito honrada com a homenagem. “Eu não sou árabe de nascimento, eu sou árabe por casamento, mas eu amo muito a cultura árabe, sempre que eu tenho possibilidade eu divulgo a cultura nos meus concertos, nos meus projetos. E para mim, ser homenageada junto com essas mulheres que estão aqui é uma honra. Acho que é muito importante essa aproximação, não só da colônia árabe, mas de todas as comunidades, porque o Paraná é um mosaico cultural de várias etnias, e as pessoas gostam de manter esta identidade, eu percebo isso. Isso é ser brasileiro. Manter essa identidade de onde a gente veio porque a gente só sabe para aonde a gente vai, sabendo da onde veio. Esses resgates são muito importantes”.
O Cônsul Honorário Emérito do Reino do Marrocos, Ardisson Naim Akel, ressaltou a importância da homenagem oferecida pela Assembleia Legislativa à comunidade árabe. “É uma alegria muito grande ver o reconhecimento da comunidade paranaense pela contribuição dos árabes ao desenvolvimento do Estado do Paraná. A coletividade árabe é composta principalmente por imigrantes e seus descendentes de Síria, os libaneses, e também palestinos. Pessoas do norte da África, como o caso do Marrocos, que é o país que eu tenho representado, constitui um percentual menor. Se estima que cerca de 5% da população brasileira tem, de alguma maneira, uma ascendência sírio-libanesa ou árabe. É uma representação muito efetiva porque também é um povo que gosta de participar das atividades comunitárias. Então nós temos sempre vereadores, deputados, senadores, governadores e já tivemos o presidente da República de origem-libanesa, e isso mostra um compromisso com a comunidade brasileira. Acho que é uma honra muito grande para nós, podermos ter esse reconhecimento de parte da Assembleia Legislativa, que afinal de contas é a casa do povo e representa toda a população paranaense”.
O professor e pós-doutor em filosofia, Jamil Ibrahim Iskandar, comentou que “falar da importância, é falar de 100 anos para cá. A imigração árabe ao Brasil está em cento e vinte e tantos anos e ao Paraná praticamente isso. É a importância e a vantagem que uma nova cultura veio se agregar à nossa cultura e se integrou. E essa imigração trouxe muitos benefícios, trouxe uma segunda geração de médicos, advogados, engenheiros, começou como comerciante na primeira imigração, todos eles eram comerciantes. Raramente alguém veio para cá com uma profissão, por exemplo, de médico ou algo parecido, porque o idioma não permitia, mas foram comerciantes que deixaram uma herança cultural aqui e em todas as áreas do conhecimento. É nisso que eu vejo a importância. Eu acho que o reconhecimento da Assembleia, das pessoas que estão homenageadas, é o reconhecimento ao trabalho dos nossos pais e avós, porque nós carregamos o sobrenome deles”.
Marcaram presença, na sessão especial, Pepe Richa, que recebeu a menção honrosa ‘in memoriam’ ao seu pai o ex-governador José Richa; o cônsul honorário da Síria no Paraná e Santa Catarina, Gourg Abdullah, neste ato representando o cônsul honorário do Líbano em Curitiba, Nizar Hachem; e o cônsul honorário emérito do Reino de Marrocos, Ardisson Naim Akel. Também participaram da solenidade Fabíola Akel, diretora da orquestra Ladies Ensemble; o sheik Amir Hechem; o sheik Abou Bkr Ibrahim Hussein; o sheik Muhammad Jaafer Khalil; o padre Semman Nassr; o procurador do município de Curitiba, Paulo Salamuni; Mounir Chaowiche, diretor de operações do setor público da Fomento Paraná; e o professor Jamil Iskandar.
Aos homenageados foram atribuídas menções honrosas, uma distinção de reconhecimento público de mérito pelas contribuições à sociedade paranaense com os seguintes dizeres gravados: “Em comemoração ao Dia Nacional da Comunidade Árabe celebrado em 25 de março, reconhecemos os esforços incansáveis e a dedicação inabalável para preservar e fortalecer a herança cultural árabe em nosso estado”.
Imigrantes chegaram em São Paulo
A proposição ocorre em razão do Dia Nacional da Comunidade Árabe, celebrado todos os anos no dia 25 de março. A escolha da data se deve ao fato de que os árabes se fixaram inicialmente em São Paulo, com estabelecimentos comerciais concentrados na rua 25 de Março e seus arredores, até hoje a mais movimentada área de comércio popular da cidade. A imigração árabe para o Brasil intensificou-se no início do século XX, com a instabilidade política do Império Otomano. Motivos religiosos, econômicos e sociais relacionados à estrutura agrária dos países de origem também contribuíram para a emigração. Até 1920, mais de 58.000 imigrantes árabes haviam entrado no Brasil, sendo que 40% se radicaram em São Paulo. Hoje os árabes e seus descendentes estão disseminados em todas as atividades.
De acordo com um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), publicado em 2000, os imigrantes árabes têm origens diversas: vieram do Líbano, da Síria, da Turquia, do Iraque, do Egito ou da Palestina. Assim, constituíam-se de povos diferentes, que, com suas respectivas organizações políticas, compartilham fundamentos comuns como a língua, ou os dialetos derivados do árabe, e a cultura. Em 2022, um levantamento divulgado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira apontou que 6% da população brasileira é formada por árabes e descendentes. A “Pesquisa Nacional Exclusiva sobre Árabes no Brasil” foi feita pelo Ibope Inteligência em parceria com a H2R Pesquisas Avançadas e apurou que 11,61 milhões de pessoas que vivem no Brasil fazem parte da comunidade árabe.
Assessoria de Imprensa
Foto – ALEP