“Ninguém tem a obrigação de saber sobre tudo, mas temos o dever de aproveitar as oportunidades de aprender.” Publiquei esta frase dias atrás em meus stories. Ela reflete como sou. Meu desejo por aprender segue comigo desde a infância. A aquisição de conhecimento é talvez minha maior ambição.
Entretanto, a frase não se limita a mim; é o desafio que se impõe a todos nós. Estamos em um mundo em constante transformação, onde as mudanças ocorrem a uma velocidade sem precedentes e os desafios, especialmente no ambiente de trabalho, se multiplicam a cada dia.
As tecnologias evoluem a passos largos, transformando o mundo do trabalho e exigindo de nós uma atualização constante. As profissões que conhecíamos há poucos anos estão sendo reinventadas ou substituídas, e as habilidades que antes eram suficientes agora precisam ser continuamente aprimoradas. Nesse contexto, o aprendizado contínuo não é apenas uma escolha, mas uma necessidade para mantermos nossa relevância.
As tecnologias, com todas as suas facilidades, podem nos conduzir a um certo comodismo. Vejo frequentemente muitos jovens universitários desinteressados; agem como se o esforço por aprender fosse desnecessário – para alguns, parece que basta perguntar ao Google (e mais recentemente ao Chat GPT) para dar conta de todas as demandas de um saber especializado.
É fácil se deixar levar pela ilusão da facilidade, acreditando que essas ferramentas podem assumir responsabilidades que são intrinsecamente nossas. Contudo, ao abrir mão de aprender, corremos o risco de esvaziar nossa mente, tornando-a inútil – pior, tornando-nos imbecis que sabem teclar. Mas de que vale teclar se falta conhecimento para fazer as perguntas certas?
Quando nos acomodamos com as facilidades tecnológicas, deixamos de questionar, de refletir e, por conseguinte, de aprender. Aristóteles complementa essa ideia, destacando que o exercício do pensamento é o que nos diferencia como seres humanos. O aprendizado, para ele, é uma atividade contínua que nos mantém em movimento, nos afastando da estagnação.
O educador e filósofo brasileiro Paulo Freire também nos lembra que a educação é um ato de liberdade, uma prática que nos permite compreender o mundo de maneira crítica e transformadora. Quando nos acomodamos, abdicamos dessa liberdade, tornando-nos meros espectadores das mudanças, em vez de protagonistas.
O grande mestre francês Célestin Freinet defendeu a ideia de que o aprendizado deve ser vivenciado. E que cada experiência, por mais simples que seja, é uma oportunidade de crescimento. Ao deixarmos que as máquinas pensem por nós, perdemos essas valiosas experiências e, com elas, a chance de evoluir.
Outro gigante da educação, o norte-americano John Dewey, enfatiza que a educação não é preparação para a vida, mas a própria vida em ação. No mundo moderno, onde as respostas parecem estar a um clique de distância, o verdadeiro aprendizado exige esforço, reflexão e disposição para enfrentar o novo e o desconhecido.
Embora as máquinas possam realizar tarefas complexas, elas não podem substituir a capacidade humana de pensar criticamente, de criar e de se conectar emocionalmente com o mundo ao seu redor. A responsabilidade de aprender e de se atualizar é, portanto, nossa – somente nossa.
Quando negligenciamos as oportunidades que temos de aprender, nos apequenamos. Portanto, negligenciar o aprendizado é abdicar de nossa própria humanidade; é escolher a ignorância em um mundo que exige, cada vez mais, mentes inquietas e curiosas.–
Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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