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Dois grandes sabores: impaciência e indolência

Você já se pegou impaciente, esperando ansiosamente que as coisas aconteçam rapidamente? Ou talvez, em algum momento, deixou a preguiça tomar conta, adiando planos e compromissos?

Dias atrás, li uma frase de Franz Kafka que chamou minha atenção. Ele escreveu: “Há dois pecados capitais, dos quais derivam todos os outros: impaciência e indolência.”

Apenas para esclarecer, indolência é preguiça – palavra bem mais conhecida.

E Kafka diz: impaciência e indolência (preguiça) são dois grandes pecados – pecados capitais, ele chama. E se pensarmos bem, essas características têm mais impacto em nosso dia a dia do que podemos imaginar.

Imagine a cena: você no supermercado, irritado porque a fila não anda. O que você ganha com isso? Sua impaciência muda alguma coisa? Bom, talvez mude: mude para pior. Você pode criar confusão e, como cristão, ainda dar mau testemunho.

Agora pense no outro pecado… A indolência, a preguiça, a falta de vontade, a ausência de disposição. Pense em você, na sua casa, esparramado no sofá. Tem serviço, tem coisas importantes te esperando, mas a preguiça não deixa.

Pois é… Impaciência e indolência sabotam a vida da gente.

A impaciência nos faz querer tudo para ontem. Ela cria aquela ansiedade que nos faz roer as unhas enquanto esperamos uma resposta de e-mail; quase nos enlouquece aguardando a mensagem no whatsapp… Ou, pior, a impaciência nos impede de ouvir com atenção as pessoas que amamos… Ou nos leva a desistir de algo porque não vimos resultados imediatos.

A impaciência é como um carro acelerado, desgovernado que, muitas vezes, nos faz perder de vista o prazer da jornada.

Por outro lado, a preguiça é aquele freio que nos impede de sair do lugar. A preguiça nos sussurra que amanhã é um novo dia, que ainda temos tempo, e que talvez, só talvez, as coisas se resolvam por si só. Mas no fundo, sabemos que a preguiça apenas acumula mais e mais tarefas, tornando tudo ainda mais difícil de ser enfrentado.

Esses dois “pecados” — impaciência e indolência (essa falta de disposição que consome com a nossa produtividade) —, quando nos dominam, podem realmente complicar as coisas. Não importa se é a impaciência que nos domina ou a falta de disposição – a vida estará comprometida.

Nos relacionamentos, por exemplo, a impaciência pode fazer com que pressionemos demais as outras pessoas; pode nos tornar pessoas irritadiças, agressivas, e desatentas – porque gente impaciente não repara nos detalhes, não enxerga inclusive as necessidades dos outros.

Já a preguiça nos faz negligenciar o trabalho, nos faz adiar decisões e nos torna apáticos diante da vida. A preguiça pode custar oportunidades de crescimento e realização.

Então, como romper com esses hábitos? Comece por reconhecer quando eles aparecem. Quando sentir a impaciência subindo, respire fundo, conte até dez. Pergunte-se: “Qual a pressa? Minha pressa vai mudar alguma coisa” Às vezes, tudo que precisamos é de um momento consciente para colocar as coisas em perspectiva.

Quanto à preguiça, tente entender o que está por trás dela. Muitas vezes, a indolência é um sinal de que estamos sobrecarregados ou desmotivados. Mas se trata-se de uma prática corriqueira, então, é hora de assumir responsabilidades, de se olhar no espelho com sinceridade e se perguntar: “Estou orgulhoso da vida que estou levando?” Se a resposta for negativa, mude!

Não seja preguiçoso. Lembre-se que a indolência torna a vida muito mais difícil. Não construa seu próprio fracasso.

Ronaldo Nezo

Comunicador Social

Especialista em Psicopedagogia

Mestre em Letras | Doutor em Educação

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