O Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) faz um alerta à população sobre o crescimento de acidentes com escorpiões em Maringá e na região da 15ª Regional de Saúde. Informações do Hospital Universitário (HU) revelam que neste ano foram registrados 990 atendimentos por acidentes com escorpiões, enquanto em 2023 esse número foi de 738 ao longo do ano.
E não são só as altas temperaturas que contribuem para o surgimento do animal. Na maioria das vezes os casos são de escorpiões amarelos, o Tityus serrulatus, o mais comum e também o mais perigoso dos escorpiões. Os maus hábitos de higiene, a negligência na limpeza de terrenos e o mato alto contribuem para a proliferação do animal, segundo a coordenadora do Ciatox, a enfermeira Márcia Guedes.
Os dados do Ciatox trazem um aumento preocupante dos casos. Em 2015, foram 157 casos e em 2016, 146. Em 2017 saltaram para 403 casos; entre 2018 e 2019, uma ligeira baixa, com 392 e 302 casos, até que a curva não parou de crescer desde 2020: 449 casos, depois, em 2021, 511 casos. Em 2022 foram registrados 609 casos de picadas de escorpião, menor do que o registrado em 2023, 738.
Conforme Márcia, os números alarmantes devem causar preocupação nas pessoas. “Essa preocupação deve vir no momento em que o sujeito vê um terreno sujo, frestas na sua casa que não estão vedadas, ralos não vedados”, diz. Além disso, são atitudes simples e bastante difundidas, como verificar se há algum animal nos calçados antes de vesti-los, que podem fazer a diferença na hora de evitar uma picada do animal.
HÁBITOS
Márcia observa que os escorpiões amarelos, que são responsáveis pela maioria dos atendimentos no hospital, aparecem “todos os dias”. Esses animais, adaptados ao ambiente urbano, se tornaram habituais em locais barulhentos e movimentados, conseguindo escalar encanamentos de prédios, surgindo em ralos de banheiros e áreas de serviço de andares onde antes não se imaginava a presença deles. “Por isso a importância do cuidado com as frestas e ralos”, explica a enfermeira.
A sazonalidade dos atendimentos, muito maiores no decorrer dos meses quentes do verão, parece cair por terra, conforme os dados do setor. Os atendimentos não têm baixado ao longo dos meses frios, se mantendo constante, o que fortalece a necessidade dos cuidados em casa.
Apesar da quantia de atendimentos estar crescendo ano a ano, a enfermeira diz que a minoria dos casos é grave. Dos 990 casos, 968 foram considerados leves, 11 moderados e 7 graves. Pacientes graves apresentam sintomas como edema pulmonar e insuficiência cardíaca. Nenhum óbito foi registrado este ano, porém, o Ciatox orienta para que crianças e idosos redobrem os cuidados, por serem as vítimas mais frágeis do veneno dos escorpiões.
Além disso, por ser um animal urbano, os escorpiões concentram os casos atendidos no Ciatox envolvendo animais: foram 990 casos de escorpiões; 184 envolvendo aranhas, com destaque para a aranha-marrom, predominante na região Sul; 45 casos de picadas de abelhas e 37 de serpentes. No caso das serpentes, a grande maioria dos casos é registrada na região rural.
RECOMENDAÇÃO
Márcia Guedes ressalta para a urgência em procurar o sistema de saúde ao ser picado, seja uma Unidade Básica de Saúde (UBS), que logo após encaminhará o paciente para um serviço de maior complexidade.
Consequentemente, levar o animal ao serviço de saúde para ser identificado, vivo ou morto, é uma péssima ideia, segundo a coordenadora do Ciatox. “Hoje, temos tecnologia suficiente para que o paciente não se exponha e também não exponha as equipes das unidades de saúde e seus pacientes a um risco desses.” A recomendação é fotografar o animal e mostrar a foto aos servidores do Ciatox.
Da Redação
Foto – Reprodução