Início Colunistas Home office, tecnologia e a crise da comunicação no ambiente corporativo

Home office, tecnologia e a crise da comunicação no ambiente corporativo

Você já percebeu como muitas pessoas estão desaprendendo a conversar? E isso acontece inclusive no ambiente de trabalho.

A gente fala muito sobre produtividade, inovação, tecnologia – e claro, tudo isso é importante. Mas e as relações humanas? Como estão? Tenho reparado em algo preocupante: um número crescente de pessoas, principalmente jovens, está enfrentando dificuldade para interagir pessoalmente. E não estou falando de conversas profundas, não. Estou falando do básico: dialogar, trocar ideias, compartilhar uma mesa de reunião.

Recentemente, ouvi a história de uma jovem que trabalha 100% em home office. Quando a empresa solicita que participe de reuniões presenciais, a reação dela é de reclamação, desconforto e até resistência. Ela é competente no que faz, mas não gosta de interagir. O relacionamento dela com os colegas se resume a mensagens no WhatsApp ou e-mails. E isso não é um caso isolado.

A pandemia popularizou o home office – e isso trouxe benefícios: menos tempo no trânsito, maior flexibilidade, mais qualidade de vida. Mas também aprofundou um problema: a tendência ao isolamento. Isso está criando uma geração que encontra dificuldade para lidar com algo essencial: as relações interpessoais.

Donald Trump, ao retornar à presidência dos Estados Unidos, tomou uma decisão drástica: acabar com o trabalho remoto em órgãos públicos e estabelecer 100% de presencialidade. Ele não é o único. Grandes corporações como a Amazon e o Google têm seguido o mesmo caminho, exigindo que os funcionários retornem ao escritório.

Por que isso? Porque, no ambiente corporativo, soft skills – aquelas habilidades comportamentais como comunicação, trabalho em equipe e empatia – são cada vez mais importantes. E essas habilidades, convenhamos, não se desenvolvem atrás de uma tela. Elas precisam de contato humano, de convivência.

Daniel Goleman, no livro Inteligência Social, explica que nosso cérebro é projetado para interações próximas. Temos algo chamado neurônios-espelho, que nos ajudam a entender e a sentir o que o outro está sentindo. Mas esses neurônios só são ativados plenamente quando estamos frente a frente com alguém. No ambiente virtual, essa conexão não acontece. A consequência? Menos empatia, mais distanciamento.

E isso é grave. Sem empatia, como resolver conflitos? Como construir parcerias? Como criar um ambiente de trabalho produtivo? Como se importar com o outro?

Não acho que o retorno 100% presencial seja a solução mágica. O modelo híbrido – aquele que combina dias de home office com dias presenciais – parece-me oferecer uma relação mais humanizada para o colaborador, pois permite a flexibilidade do trabalho remoto sem abrir mão da convivência. Mas o híbrido só funciona se as pessoas estiverem dispostas a se relacionar de verdade. Porque, mesmo com dias no escritório, se você não souber conversar, colaborar e interagir, o trabalho vai sofrer.

Aqui vão algumas reflexões para quem quer mudar esse cenário:

Desenvolva suas soft skills: Comunicação, escuta ativa, empatia – tudo isso pode ser aprendido. Invista no seu crescimento pessoal. Leia, participe de treinamentos, busque feedback.

Encare a convivência como aprendizado: Nem sempre é fácil lidar com pessoas, mas é na convivência que crescemos. Aprendemos a negociar, a argumentar, a entender o ponto de vista do outro.

Equilibre o digital e o presencial: O home office é uma ferramenta poderosa, mas não pode ser sua única forma de interação. Priorize encontros presenciais quando possível.

Não aceite o isolamento como normal: Se isolar pode parecer mais fácil, mas a vida acontece nas conexões que construímos. Seja proativo em criar essas conexões.


Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras |  Doutor em Educação

Visite meu blog: 
http://blogdoronaldo.wordpress.com

Siga-me no instragram: 
http://instagram.com/ronaldonezo

COMPARTILHE: