![ronaldo nezo](https://i0.wp.com/www.maringamais.com.br/wp-content/uploads/2021/03/ronaldo-nezo.jpg?resize=198%2C172&ssl=1)
Você já parou para pensar em quantas horas passa conectado à internet todos os dias? Talvez não. Muitas vezes, a gente só percebe o tamanho desse hábito quando vê os números estampados em uma pesquisa. E essa semana saiu o “Digital 2025”, relatório divulgado pela “We Are Social”, que escancara a realidade do nosso uso diário da internet. O brasileiro passa, em média, 9 horas e 9 minutos conectado. Isso nos coloca no segundo lugar do ranking mundial, atrás apenas da África do Sul, onde a média chega a 9 horas e 37 minutos.
Enquanto isso, países considerados desenvolvidos gastam muito menos tempo online. No Reino Unido, são 5 horas e 36 minutos. Na Alemanha, 5 horas e 28 minutos. E, pasme, no Japão, o número cai para apenas 4 horas e 9 minutos. Esses dados contrariam aquela ideia de que ficar muito tempo na internet significaria produzir mais ou gerar mais riquezas. Se fosse assim, as maiores potências mundiais seriam as campeãs de horas de conexão. Não é o que acontece. Então, o que essa disparidade revela?
Talvez o problema esteja na forma como usamos a internet. Muita gente diz que fica online o dia todo por causa do trabalho, mas os números mostram outra realidade. No Brasil, passamos cerca de 5h12 diárias no celular. Nos Estados Unidos, que funcionam como referência para muitos brasileiros, essa média é de 3h22. E, mais uma vez, o Japão se destaca pela baixa conexão móvel: apenas 1h47.
O que estamos fazendo nesse tempo todo? Redes sociais, vídeos curtos, streaming, mensagens? Claro, há usos importantes, como estudar, trabalhar e pagar contas. Mas será que esse volume de horas reflete produtividade ou distração?
A verdade é que a internet se tornou uma extensão da nossa vida. Acordamos e, antes mesmo de sair da cama, conferimos notificações. Almoçamos olhando para a tela. À noite, relaxamos rolando feeds infinitos. Ela está no bolso, na mochila, na palma da mão. O que era para ser uma ferramenta, em muitos casos, virou um vício. Essa dependência dificulta o contato olho no olho, a experiência do “aqui e agora”. Ficamos tão absortos no mundo virtual que muitas vezes deixamos de apreciar o momento presente.
Por outro lado, a internet oferece oportunidades: cursos gratuitos, conexões valiosas, informações antes inimagináveis. O problema não é a internet, mas como a usamos. Estamos conscientes do tempo que passamos diante da tela? Como isso afeta nossa saúde mental, nossas relações e nosso desempenho profissional?
Não existe uma fórmula mágica, mas refletir é um bom começo. Saber que passamos 9 horas online por dia — mais de um terço do tempo acordado — já é um alerta. Podemos criar pequenas metas: deixar o celular longe da cama à noite, definir horários para checar redes sociais, substituir parte da rolagem de tela por uma caminhada ou um livro.
O importante é entender que qualidade de vida não é medida apenas em megabits por segundo ou horas de conexão. O Japão, com suas 4 horas diárias, não está “atrasado” em tecnologia — pelo contrário, é referência em inovação. Talvez eles enxerguem a internet como algo a ser usado com propósito. Se a gente conseguir levar essa ideia para o nosso dia a dia, cada minuto online passa a ter mais valor.
No fundo, não se trata de demonizar a internet, mas de avaliar como investimos nosso tempo. Tempo é vida. E, enquanto o smartphone vibra e as notificações pulam na tela, a vida real continua acontecendo. Se não olharmos para ela, corremos o risco de deixá-la passar enquanto rolamos a tela sem perceber.
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Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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