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Uma denúncia apurada pela Redação do Jornal do Povo acabou revelando parte do que é armazenado nos barracões das secretarias de Infraestrutura e Limpeza Urbana (Seinfra e Selurb) da Prefeitura de Maringá, que funcionam no antigo IBC, na avenida Francisco Ferreira Miranda. O grande mistério é achar os responsáveis por guardar toneladas de lixo destinado para a coleta seletiva que deveriam ser destinados para as cooperativas de reciclagem e tomam conta de dois barracões há pelo menos um ano.
O lixo acumulado é tanto que ratos e baratas foram atraídos pelo cheiro ruim e sujeira provocados pelos diversos tipos de material reciclável e também tomam conta de parte do almoxarifado da Prefeitura. Segundo informações, para limpar a montanha de lixo seriam necessárias cerca de 1.000 viagens de caminhões da coleta, que não tem local para descartar o material retirado.
O maringaense que fez a denúncia para o Jornal do Povo e prefere não se identificar questiona o programa de coleta seletiva do município. “Há anos separo o lixo de casa do orgânico com o que pode ser reutilizado. Eu e minha família nos preocupamos em colocar na rua as sacolas certas para os dias de caminhão da coleta de lixo normal e o dia da coleta seletiva. A pergunta é: para que tantas campanhas de conscientização ambiental e por quê estou separando o reciclável se tudo está apodrecendo no galpão da Prefeitura?”, diz o denunciante, que emenda “é um caso gravíssimo que está sendo escondido e deve ser investigado”.
MAIS PROBLEMAS
Além do lixo depositado de forma irregular e insalubre para os servidores públicos que trabalham no local, a comunidade também acaba sendo prejudicada indiretamente já que ao lado do barracão com lixo estão armazenados equipamentos e materiais utilizados pelas secretarias de Educação e Saúde.
Outra investigação deve apurar e responsabilizar quem descartou milhares de medicamentos vencidos em containers que estão no pátio do almoxarifado central. Local que há anos serve de depósito dos bens inservíveis do município que são oferecidos em leilões da Prefeitura, como frota de veículos escolar, materiais utilizados para decorar a Maringá Encanta e restos de muitas outras coisas que se espalham na parte externa ao redor dos barracões.
NOTAS OFICIAIS
A Redação do JP entrou com contato com a equipe do ex-prefeito Ulisses Maia, responsável pela administração municipal quando teve início o descarte de lixo reciclável no prédio público e, também, com a equipe do atual prefeito Silvio Barros. Ambos enviaram uma nota como resposta sobre o caso. Os responsáveis por algumas cooperativas de reciclagem não responderam os telefonemas da reportagem.
ADMINISTRAÇÃO ULISSES MAIA
O ex-prefeito Ulisses Maia, por meio da assessoria, esclarece que há dois tipos de materiais nos barracões do antigo IBC, sendo inservíveis, proveniente de patrimônios tombados do município, deteriorados, quebrados, obsoletos ou sucatas, e materiais recicláveis.
Naquele local acontece o depósito de inservíveis há 25 anos, e inclui carcaças de veículos. Devido ao custo inviável para a realização do leilão e obedecendo a lei de licitações, a partir de 2024 parte dos inservíveis foram e estavam sendo doados para três cooperativas de recicláveis de Maringá. Porém, a partir de outubro do mesmo ano, a equipe de transição da atual administração municipal optou por paralisar a doação.
Quanto aos recicláveis, em 2024 a Prefeitura autorizou o armazenamento temporário dos materiais, com o objetivo de contribuir com as cooperativas que atendem o município, devido a flutuação de comercialização, que deixou os espaços deles lotados. No entanto, a retirada, até dezembro, foi contínua, inclusive com controle da Secretaria de Limpeza Urbana.
ADMINISTRAÇÃO SILVIO BARROS
A Prefeitura de Maringá, por meio da Secretaria de Limpeza Urbana, informa que assim que tomou conhecimento da situação, notificou via SEI a empresa terceirizada responsável pela coleta e pediu esclarecimentos. Como o retorno dado pela empresa não esclareceu todas as dúvidas do município, a administração municipal solicitou novos esclarecimentos. A Secretaria de Comunicação da Prefeitura informa ainda que equipe está apurando os fatos e se manifestará assim que tiver uma posição sobre o assunto.
Redação JP
Foto – Jornal do Povo