
A Prefeitura enfrenta um déficit orçamentário de R$ 47 milhões para cobrir as despesas da Saúde no ano de 2025, conforme apresentado pela Secretaria Municipal de Saúde durante a Audiência Pública de Prestação de Contas, realizada na última sexta-feira (28).
A suplementação de recursos é necessária para garantir a continuidade dos serviços já pactuados, cujos custos não estavam previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025.
Embora o orçamento inicialmente estabelecido para a Secretaria de Saúde tenha sido de R$ 793 milhões, os custos totais dos serviços de saúde são estimados em mais de R$ 840 milhões.
Esse déficit ocorre devido a uma série de serviços adicionais e compromissos assumidos pela administração municipal, que não estavam contemplados na LOA do ano.
A principal justificativa para a suplementação envolve a manutenção de serviços essenciais, como a participação da Prefeitura no consórcio Proamusep, que gerencia as ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na região noroeste do Paraná. A participação de Maringá neste consórcio deverá custar R$ 8,4 milhões em 2025.
FOLHA DE PAGAMENTO
Outro grande fator para a necessidade de suplementação é o aumento significativo dos custos com pessoal. De acordo com o balanço da Secretaria de Saúde, a folha de pagamento de médicos, enfermeiros e técnicos credenciados, que atuam nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e no Pronto Atendimento da Criança (PAC), representará um gasto de R$ 22,5 milhões ao longo do ano.
Para o secretário de Saúde, Antônio Carlos Nardi, essa suplementação representa um desafio adicional na gestão financeira da pasta e o dinheiro refere-se a ações previamente assumidas, sendo um desafio na gestão orçamentária. “Estamos trabalhando de maneira incessante para aprimorar nossos indicadores com ações de promoção e prevenção no Programa Maringá Saudável”, afirmou o secretário.
Em 2024, a Cidade já havia enfrentado um cenário semelhante, com a necessidade de suplementar o orçamento da saúde em mais de R$ 188 milhões, conforme apontado pelo repórter Victor Ramalho.
A Lei Orçamentária Anual previa um investimento de R$ 655 milhões para a saúde, mas os gastos totais somaram R$ 843 milhões, evidenciando a pressão sobre os recursos municipais.
Um dos dados mais alarmantes apresentados durante a audiência foi o número de faltas a consultas especializadas: quase 30 mil pacientes não compareceram às consultas agendadas no ano passado, o que representa uma taxa de abstenção de quase 20%.
O impacto financeiro dessas faltas é significativo, pois os profissionais de saúde recebem pelos procedimentos agendados, mesmo que os pacientes não compareçam.
Isso representa não apenas uma perda financeira para o município, mas também um aumento no tempo de espera de pacientes que realmente necessitam de atendimento.
Atualmente, Maringá enfrenta uma fila de espera de mais de 100 mil procedimentos na área de saúde, de acordo com dados da plataforma Maringá Saúde.
Em 2024, foram agendadas 140.636 consultas, das quais 27.155 não foram realizadas devido a faltas. O cenário é ainda mais crítico quando se trata de exames: de 186.090 procedimentos agendados, 37.368 pacientes não compareceram.
Antônio Carlos Nardi alertou que a falta dos pacientes não apenas atrapalha o planejamento da rede pública de saúde, mas também gera custos adicionais. “Esse trabalho tem que ser feito com planejamento e responsabilidade. Hoje, o absenteísmo é de quase 20%. De cada 100 consultas ofertadas, 20 não são realizadas sem justificativa, e isso custa para o município, além de elevar o tempo de espera de outros pacientes”, afirmou o secretário.
Ele também destacou que, muitas vezes, pacientes que faltam às consultas acabam procurando atendimento na rede privada, mas continuam na fila, o que agrava ainda mais o problema da superlotação e do acúmulo de procedimentos não realizados.
Em resposta a essa situação, a Prefeitura tem adotado estratégias para reduzir a fila de espera, incluindo a realização de mutirões e o aumento de investimentos em custeio e financiamento da saúde. Além disso, o município tem buscado parcerias com prestadores de serviços, universidades e o Hospital Municipal para ampliar a capacidade de atendimento.
“Detectamos as áreas de maior demanda e estamos tratando delas com prioridade, através de mutirões e apoio de diversas instituições, como prestadores de serviços e universidades. A nossa obrigação é continuar trabalhando para baixar a fila de espera e garantir que os pacientes recebam o atendimento necessário”, concluiu o secretário de Saúde.
Da Redação
Foto – Rádio Maringá