Início Colunistas Em suas decisões, não ignore os seus sentimentos

Em suas decisões, não ignore os seus sentimentos

Tem gente que acha que inteligência emocional é sinônimo de ser racional o tempo todo. Como se a pessoa emocionalmente inteligente fosse aquela que nunca demonstra raiva, frustração ou insegurança. Como se fosse alguém frio, calculista, que mantém a razão acima de qualquer emoção. Mas isso está longe da verdade.

A inteligência emocional não é sobre silenciar os sentimentos. É sobre entender que os sentimentos são parte essencial da tomada de decisão.

Daniel Goleman, autor do livro “Inteligência Emocional”, não é o responsável pelos estudos que deram origem a esse trabalho revolucionário da literatura mundial. O que ele fez, como jornalista especializado em ciências, foi pesquisar inúmeros estudos que resultaram num conhecimento precioso e que tem mudado a vida de muita gente. E, em seu livro, Daniel Goleman, cita um dos mais importantes neurocientistas do mundo, o médico português Antônio Damásio, professor da Universidade da Califórnia. E, citado por Goleman, Damasio ressalta que “as emoções muitas vezes nos põem na direção certa”.

Veja o que Daniel Goleman diz, com base nos estudos do professor Damásio:

As emoções são importantes para a racionalidade. Na dança entre sentimento e pensamento, a faculdade emocional guia nossas decisões a cada momento, trabalhando de mãos dadas com a mente racional e capacitando – ou incapacitando – o próprio pensamento.

Ou seja: sentir é essencial para pensar bem – ou para distorcer os pensamentos.

E por que as emoções são indispensáveis?

Deixa eu explicar…O mundo vive nos colocando diante de escolhas difíceis. Onde aplicar o dinheiro? Com quem casar? Qual caminho seguir na carreira? Confio nessa pessoa?

Essas decisões não são apenas lógicas, racionais. É uma falácia achar que tudo se resolve com a razão. A razão até estrutura os prós e os contras, mas, no final, há sempre um componente emocional envolvido.

Quando hesitamos diante de uma escolha, significa que o cérebro emocional está trabalhando nos bastidores. Ele busca experiências passadas, lembra das consequências de erros anteriores, recupera sensações e pressentimentos – e guarda essa palavra “pressentimentos”. Isso nos ajuda a evitar decisões ruins sem precisar racionalizar tudo do zero.

Entenda: se uma decisão parece errada, muitas vezes é porque já aprendemos, mesmo que inconscientemente, a reconhecer os sinais de alerta. Quando ignoramos completamente nossas emoções, podemos tomar decisões que parecem boas no papel, mas que, na prática, não fazem sentido para nós.

Quantas pessoas escolheram carreiras pelo status e depois se viram infelizes? Quantas entraram em relacionamentos “perfeitos” na teoria, mas sem conexão emocional real? Quantas pessoas não “escutaram o coração” e, depois, se arrependeram de suas escolhas?

A ideia de “escutar o coração” não é agir de forma irracional. Pelo contrário. Os estudos citados por Goleman confirmam que a inteligência emocional não está em suprimir sentimentos. Está em saber escutá-los e interpretá-los corretamente. “O cérebro emocional está tão envolvido no raciocínio quanto o cérebro pensante”, afirma.

Segundo Antonio Damásio, temos dois cérebros: um racional e um emocional. O ideal é que os dois trabalhem juntos, equilibrando decisões. Cabeça e coração precisam trabalhar juntos.

A emoção deve servir como guia, apontando para onde devemos olhar. A razão deve atuar como gestora, ajudando a organizar e validar esses sentimentos.

Portanto, não ignore seus sentimentos. Aprenda a reconhecê-los. E use seus sentimentos a seu favor. Se algo parece errado, investigue. Se algo te empolga demais, verifique se não está ignorando detalhes importantes. A melhor decisão é aquela que respeita tanto a razão quanto os seus sentimentos.

Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras |  Doutor em Educação

Visite meu blog: 
http://blogdoronaldo.wordpress.com

Siga-me no instragram: 
http://instagram.com/ronaldonezo

COMPARTILHE: