
Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal ontem a endocrinologista pediátrica Andreza Macedo Teixeira utilizou a tribuna para enfatizar a importância de fortalecer o sistema de apoio a pessoas com Síndrome de Down. A iniciativa ocorreu às vésperas do Dia Mundial e Nacional da Síndrome de Down, celebrado em 21 de março, e foi promovida pela vereadora Akemi Nishimori.
Mãe de Antônio, de 6 anos, que possui a síndrome, Andreza é referência no atendimento e na promoção da qualidade de vida de indivíduos com Trissomia 21. Ela também integra a Federação Paranaense das Associações de Síndrome de Down, que oferece suporte às famílias e defende políticas públicas inclusivas.
Em sua fala, a médica ressaltou que 70% dos pais de crianças com deficiência ou doenças raras no país abandonam os filhos antes dos cinco anos. Ela destacou os desafios enfrentados pelas famílias devido à falta de suporte adequado para uma inclusão efetiva, como o acesso regular a atendimentos especializados.
“Como essa mulher vai garantir a sobrevivência da família sem rede de apoio para acompanhar seu filho com T21 nas terapias de estimulação precoce? Como trabalhar em férias e recesso se as escolas públicas e privadas fecham sem se preocupar com quem a criança vai ficar? Imaginaram o desgaste da família tendo que lutar pela matrícula na escola regular? Esse direito é constitucional, mas vem repetidamente sendo negado, inclusive em nossa cidade”, alertou Andreza.
A médica também observou que as pessoas com T21 que alcançam um bom desenvolvimento e se destacam na sociedade são, em sua maioria, brancas, de classe média e que tiveram o apoio necessário de suas famílias. “Não é hora da sociedade e do Estado garantirem esse suporte para todos com T21, para que todos possam ter a mesma oportunidade?”, questionou.
Andreza enfatizou que, embora as leis brasileiras sejam avançadas na garantia de direitos para pessoas com deficiência, muitas vezes não são cumpridas. “Não precisamos de mais leis ou estatutos. Precisamos que a legislação existente seja cumprida”, afirmou. Ela pediu que o Poder Legislativo municipal se torne uma rede de apoio contínua e que nenhuma decisão sobre as pessoas com T21 seja tomada sem a participação e aprovação delas.
A Cidade possui diversas ações voltadas à Síndrome de Down, entre elas está a Carteira de Identificação para Portadores da Síndrome de Down, criada por meio do projeto de lei 16.333/2022, que garante prioridade no atendimento em serviços públicos e privados. Além disso, o município possui salas de estimulação essencial para crianças com necessidades especiais, promovendo avanços no processo de aprendizagem e desenvolvimento infantil.
Outro destaque é o atendimento especializado oferecido pela UniCesumar, que disponibiliza acompanhamento gratuito para crianças e adolescentes com Síndrome de Down na Unidade Básica de Saúde Aclimação.
O município também se beneficia do Programa Estadual de Incentivo à Realização do Exame Cariótipo, que incentiva o diagnóstico precoce da condição em recém-nascidos. Além disso, foi protocolado na Assembleia Legislativa do Paraná o projeto de lei 561/2024, que propõe a criação do Estatuto Paranaense da Pessoa com Síndrome de Down, consolidando e ampliando os direitos dessas pessoas.
Para fomentar o debate e ampliar o conhecimento sobre a Trissomia 21, no sábado (22), a organização Espaço 21 realizará o 1º Simpósio Maringaense da Trissomia 21, na UniCesumar. O evento contará com palestras sobre alfabetização, atendimento especializado e intervenção, além de relatos de experiência de pessoas com Síndrome de Down. As inscrições e mais informações estão disponíveis no Instagram @espaco21maringa.
Da Redação
Foto – CMM