
O artista Daniel Simões, contemplado pela Lei Paulo Gustavo de Maringá, apresentará em maio deste ano a exposição “Papai Morreu Duas Vezes”. Originalmente concebida como uma história em quadrinhos, a obra foi contemplada pela Lei Paulo Gustavo, de incentivo à cultura, e propõe uma forma inovadora de exibição, em que as páginas da história serão transformadas em grandes imagens, exibidas ao longo da sala de exposição, permitindo que o público as aprecie enquanto caminha pelo espaço.
A trama, que aborda o processo de luto, segue o protagonista enquanto ele revive a perda em seu cotidiano. A exposição ficará aberta ao público durante 31 dias, ainda sem local definido, e contará também com uma versão virtual em 3D, que ficará disponível por um ano. A proposta da obra é oferecer uma imersão sensorial única, misturando arte digital e uma experiência de leitura que reflete o processo emocional do luto de forma afetuosa e delicada.
O projeto tem um vínculo pessoal e profundo com a trajetória do próprio Daniel Simões. Em 2016, ele vivenciou uma grande perda: seu pai, o principal sustento da casa, faleceu em um trágico acidente de caminhão. A morte repentina, que ainda envolve mistérios e a negativa de um laudo oficial por anos, deixou uma marca na vida do artista e de sua família. A confusão gerada pela falta de respostas oficiais se somou à dor do luto e foi o ponto de partida para o processo criativo de Simões.
“Esse luto me motivou a transformar a dor em arte”, conta o artista. Desde os seis anos, ele desenha, mas foi após a perda que seu trabalho artístico ganhou uma nova profundidade. Formado em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Daniel sempre utilizou a aquarela como meio de expressão.
No entanto, a pandemia trouxe uma mudança significativa em sua prática, com uma incursão mais intensa no campo da Arte Digital. “Na pandemia, comecei a focar mais em arte digital, e meu trabalho final foi um quadrinho que foi incluído no catálogo da Bienal de Design do ano passado”, revela.
Embora a história de “Papai Morreu Duas Vezes” seja baseada em sentimentos reais, ela não é autobiográfica. A narrativa segue um jovem que revive o luto através de pequenos momentos do cotidiano. O protagonista, assim como o visitante da exposição, está sempre em busca de algo, refletindo a jornada emocional do luto. A técnica utilizada por Simões mistura arte digital com pintura tradicional, combinando aquarela, lápis e edição digital, criando uma obra que busca capturar a textura das emoções humanas mais profundas.
O projeto foi idealizado em 2022, e em 2023, em parceria com a Produtora Studya, a história em quadrinhos foi selecionada para o edital da Lei Paulo Gustavo. A exposição foi aprovada e será realizada nesse ano e Simões busca oferecer ao público, através da arte, uma forma de vivenciar a complexidade e a profundidade do luto de maneira sensível e impactante.
Da Redação
Foto – Daniel Simões