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Você tem um horológio?

Aposto que tem, ou já teve, um ou mais. Ninguém vive hoje sem ele; aliás somos quase todos escravos dele. Mas vamos começar pelo começo.

     A mitologia tem deuses para tudo. Para cuidar das coisas relacionadas com o tempo há pelo menos dois: Cronos e Horus. Daí que o dedo deles aparece com frequência no vocabulário.

     Da família de Cronus temos, por exemplo, “cronômetro” (aparelho utilizado para medir o tempo decorrido); “crônico” (que dura todo o tempo); “cronologia” (estudo dos eventos na ordem do tempo, ou seja, em ordem cronológica).

     Da família de Horus, temos “hora” (tempo equivalente a 60 minutos), bem como “horário”, além do primo “horóscopo”, que entra aí por ter a ver com os astros, e a medição do tempo é baseada no movimento dos astros.

     Mas a  história do “horológio” é muito antiga – vem desde aquele engenhozinho conhecido como ampulheta. Porém, segundo os alfarrábios, o horológio só começou a pegar mesmo o jeito de horológio a partir do século 725 dC. Um monge budista chinês chamado Yi Ching teria sido o fabricante do primeiro horológio mecânico de que se tem notícia. Funcionava com um conjunto de engrenagens e 60 baldes de água, que correspondiam a 60 segundos.

     Mas tudo o que existe precisa ter um nome. Não sei como era em chinês. No mundo ocidental os romanos deram à preciosa ferramenta um epíteto adequado: “horologium” (marcador das horas).

     Só que na passagem do latim para o português o povão não entendeu bem a palavra, e ao reproduzi-la por escrito grafava “o relógio”. Em espanhol aconteceu algo parecido (“reloj”), mas no francês continuou “horloge” e no italiano só perdeu o “h” (orologio).

      Com o rolar dos séculos as coisas vão se modificando, algumas para pior, porém a maioria para melhor. O  relógio, por exemplo, se aperfeiçoou tanto que hoje alguns deles são classificados como joias.

     Foi uma história bonita e longa. Até o nosso Santos Dumont aparece no enredo, visto que a ele tem sido atribuída a invenção do reloginho de pulso. Na verdade, todavia, não teria sido realmente ele o inventor, mas foi quem popularizou o aparelhinho, que costumava usar enquanto pilotava o 14-Bis.

    Todo mundo continua tendo um horológio. A diferença é que agora o nome é “celular”;

A. A. de Assis
Foto – Reprodução

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