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A melhora da morte

Consternada,  a comunidade católica de Maringá viu três padres serem vítimas da covid-19: Sérgio Meschini, de 37 anos, Sidney Fabril, de 57 anos, e Alfeu Leônidas Teodoro, de 66 anos. Dois deles estão na UTI

Padre Sérgio faleceu na semana passada, no sábado Padre Sidney deixou a UTI, com visíveis sinais de recuperação da doença e ontem morreu Padre Alfeu Leônidas.
        
Sobre esta última morte, uma amiga postou depoimento de um médico que cuidou do religioso, que reproduzo: ‘O padre foi para o céu. Após tanta luta, a Covid o levou para mais perto de Jesus. Dias e dias de um rosário que parecia que terminaria bem, mas que findou em dor para quem ficou, mormente seus familiares e amigos. Homem bom, querido pelos seus, inclusive por Deus, venceu guerras que poucos vencem, contra a pneumonia, contra o choque séptico (infecção generalizada), contra a insuficiência renal e de outros órgãos vitais. De tarde, animado, havia passado as boas novas para sua família: “Tudo melhorando, graças a Deus! Deve sair disso tudo, em breve!”. Sorrimos, todos, naquele momento. E ele saiu, mas não do jeito que chegamos a imaginar. Horas depois, a enfermeira gritou: “Doutor, o padre parou!”. Corri, quase voei, como se fosse um anjo (tentando ser) na direção do seu coração, que já era “massageado” pela técnica de enfermagem. “Adrenalina!”, nas veias dele e nas nossas. Enquanto tentávamos reanimar seu corpo, o crucifixo deixado pela família balançava, abraçado ao soro, ao sonho. Aquele instante foi tão marcante… não houve jeito. Ou esse foi o jeito que o Espírito Santo planejou para receber o espírito santo do padre, que foi para o Pai. Fechei seus olhos de homem, orando silenciosamente para que ele, assim como Deus, também olhasse por nós. Seguimos os ritos, chamando e informando os familiares do seu óbito e do nosso pesar. E quanto pesar, quanto peso ainda temos e teremos que levar (cruz que às vezes nos parece quase tão pesada quanto a de Jesus, mas nunca será). O crucifixo foi devolvido aos seus e o amado padre foi devolvido a Deus. Senhor, receba bem o seu filho, que foi um pai para tantos aqui, e nos ajude e nos oriente, mais uma vez. Amém.”

Chama a atenção, em especial do trecho em que o médico relata a melhora, após o paciente ter vencido a pneumonia, infecção generalizada, insuficiência renal, fatos comunicado à família, que certamente se tranquilizou.

Provavelmente tenha ocorrido o fenômeno chamado por Richard Simonetti, como a melhora da morte e sobre isso escreveu ele: É natural que, diante de sério problema físico a se abater sobre alguém muito caro ao nosso coração, experimentemos apreensão e angústia. Imperioso, porém, que não resvalemos para revolta e o desespero, que sempre complicam os problemas humanos, principalmente os relacionados com a morte.

Quando familiares não aceitam a perspectiva da separação, formando a indesejável teia vibratória, os técnicos da espiritualidade promovem, com recursos magnéticos, uma recuperação artificial do paciente que, “mais prá lá do que prá cá”, surpreendentemente começa a melhorar, recobrando a lucidez e ensaiando algumas palavras…

Geralmente tal providência é desenvolvida na madrugada. Exaustos, mas aliviados, os “retentores” vão repousar, proclamando: “Graças a Deus! O Senhor ouviu nossas preces!”Aproveitando a trégua na vigília de retenção os benfeitores espirituais aceleram o processo desencarnatório e iniciam o desligamento. A morte vem colher mais um passageiro para o Além.”Foi a melhora da morte! Melhorou para morrer!’

E concluo  dizendo acreditar que todos temos, digamos, um prazo de validade, ou melhor, nossos corpos têm prazo de validade e quando é chegada a hora temos que partir. Era a hora dos padres Sérgio e Leônidas voltarem ao Mundo Espiritual e para o Padre Sidney, não.  Todos eles sabem que a Alma sobrevive e todos continuaremos na outra dimensão.

Estejam em paz os que se foram. Aos próximos que ficaram, tenham a consolação e continuem rezando por eles, que certamente precisam, apesar de terem sido padres.  

(*)Akino Maringá, colaborador do Blog do Rigon
Foto – Reprodução

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