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Que é Deus?

Em  discurso na Assembleia Geral da ONU, Bolsonaro, disse que o Brasil tem um presidente que acredita em Deus, e não foi a primeira vez que ouvimos isso, dito por ele.

Será que o presidente acredita realmente em Deus? Qual Deus conhece, se é que conhece? E você, caro leitor, acredita e conhece, racionalmente, Deus?  
        
Quando da codificação da doutrina espírita, Alan Kardec perguntou  sobre Deus aos Espíritos Superiores, obtendo respostas que se seguem, as primeiras do Livro dos Espíritos:

1-Que é Deus? “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.” 2. O que se deve entender por infinito? “O que não tem nem começo nem fim; o desconhecido; todo o desconhecido é infinito.” 3. Pode-se dizer que Deus é o infinito? “Definição incompleta. Escassez de recursos da linguagem, insuficiente para definir as coisas que estão acima da inteligência dos homens.” Deus é infinito em Suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus é o infinito é tomar o atributo de uma coisa por ela mesma; definir uma coisa que não é conhecida por uma que também não o é. 4. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus? “Num aforismo que se aplica às Suas ciências: não existe efeito sem causa. Procure-se a causa de tudo o que não é obra do homem, e a razão lhe responderá.” Para crer em Deus basta observar as obras da Criação. O Universo existe; ele tem, portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa e afirmar que o nada pôde fazer alguma coisa.
           
E continuou  Kardec, nas perguntas subseqüentes, e as entidades superiores respondendo:

5. Que conseqüência se pode tirar do sentimento intuitivo, que todas as criaturas trazem consigo da existência de Deus? “Que Deus existe; se assim não fosse, de onde lhes viria esse sentimento se Ele repousasse sobre o nada? É ainda uma conseqüência do princípio de que não existe efeito sem causa.”

6. O sentimento íntimo que temos da existência de Deus não seria fruto da educação e produto de idéias adquiridas? “Se assim fosse, como se explica que até as culturas primitivas tenham esse sentimento inato?” Se o sentimento da existência de um ser supremo não é mais que o produto de um ensinamento, não seria universal e nem existiria, como as noções científicas, que só existiriam naqueles que tivessem podido recebê-las.

7. Pode-se encontrar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas? “Mas então qual seria a causa dessas propriedades? É sempre indispensável uma causa primária.” Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porque essas propriedades são elas mesmas, um efeito que deve ter uma causa.

8. Que pensar da opinião que atribui a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, portanto, ao acaso? “Outro absurdo! Que homem de bom senso pode conceber o acaso como um ser inteligente? Além disso, o que é o acaso? Nada.” A harmonia que rege as forças do Universo revela as combinações e alvos determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso seria sem sentido, visto que o acaso é cego e não pode produzir efeitos inteligentes. Um acaso inteligente já não seria acaso.

 9. Onde se revela, na causa primária, uma inteligência suprema e superior a todas as outras? “Existe um provérbio que diz: pela obra se conhece o autor. Pois bem: veja-se a obra e procure-se o autor. É o orgulho que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada vê acima de si próprio, pois se considera um espírito forte. Pobre ser, cujo sopro de Deus pode abater!” Julga-se o poder de uma inteligência por suas obras. Como nenhum ser humano pode criar o que a Natureza produz, a causa primária há de estar, portanto, em uma inteligência superior à humana. Quaisquer que sejam os prodígios executados pela inteligência humana, essa inteligência tem uma causa primária. É a inteligência superior que é a causa primária de todas as coisas, qualquer que seja o nome que o homem a designe.     

 O texto prossegue e pode ser lido na íntegra aqui https://espirito.org.br/wp-content/uploads/2017/05/Livro-dos-Espiritos.pdf e voltando ao  começo, talvez a crença em Bolsonaro seja  ‘num deus’ que pode ser acessado através de homens, cooptado como  membros do centrão, com promessas e ofertas, fazendo-se reféns mutuamente. Um deus parcial, instável,  sujeito a mudar de opinião, e que poderia ‘atribuir missões’, como a que ele julga ter recebido para governar o Brasil por pelo menos dois mandatos, ou outros tantos, se ‘o seu povo’ quiser

O Deus verdadeiro, com ‘D’ é  Eterno, pois se tivesse tido um começo, teria saído do nada ou teria sido criado por um ser anterior. É assim que, pouco a pouco, remontamos ao infinito e à eternidade. É Imutável, pois se estivesse sujeito às mudanças, as leis que regem o Universo não teriam nenhuma estabilidade. É Imaterial; sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria; de outro modo, Ele não seria imutável, pois estaria sujeito às transformações da matéria. É Único; se existissem vários deuses, não haveria unidade de visão nem de poder na ordenação do Universo. É Todo-Poderoso; porque é único. Se não tivesse o poder soberano, haveria algo mais poderoso ou tão poderoso quanto Ele, que assim não teria feito todas as coisas, e as que não fizesse seriam a obra de outro Deus. É Soberanamente Justo e Bom; a sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não nos permite duvidar da Sua justiça nem da Sua bondade.

Difícil, quase impossível, compreender a grandiosidade de Deus e do Universo. Dá para entender uma propriedade, um estado, um país, sem fronteiras, divisas? Pois o universo não tem fronteiras, limites, começo nem fim. Assim é Deus. Será que ‘o mito’ acredita, e sabe que é Deus?

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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