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Pais, envolvam-se na rotina escolar de seus filhos

Na coluna de hoje, quero falar sobre o envolvimento dos pais na rotina escolar dos filhos. De cara, quero dizer duas coisas: envolver-se é fundamental; porém, envolver-se é diferente de intrometer-se. Intrometer-se é um desastre.
Vem comigo que vou explicar essa história.

O desempenho das crianças na escola depende do envolvimento da família. A família precisa se interessar e estar comprometida com o aprendizado da criança. Isso é demonstrado, primeiro, em casa. Os pais devem querem saber o que aconteceu na escola, o que a criança aprendeu, devem olhar cadernos, livros, observar as atividades. Esse envolvimento da família é muito mais do que cobrar notas ou que façam tarefas. Trata-se de viver o dia a dia escolar.
Se os pais não se envolvem, indicam que a escola é algo que diz respeito apenas à criança. E ela não tem maturidade para compreender a importância dos estudos e de tudo que envolve o ambiente escolar.
Mostrar-se entusiasmado e comprometido com o aprendizado da criança, faz toda a diferença.

Os pais devem motivar os filhos. E sem mentiras. Destacar que aprender é difícil, mas que o conhecimento vale a pena. Se os pais falam mal da escola e dos professores, se apenas relacionam estudo com trabalho, carreira, os pais demonstram que estudar é um fardo, fazem da educação um jogo de recompensas vazio. Além disso, na infância e até mesmo na adolescência, fazer relação entre o estudo e o mundo do trabalho não explica muita coisa sobre a importância do conhecimento. O estudo tem que estar relacionado à perspectiva da descoberta, da novidade, do prazer de saber mais.

Outra coisa, se os pais reclamam de ter que levar e trazer os filhos da casa para a escola, da escola para casa, se reclamam dos horários das atividades etc., não dá para esperar que a criança tenha atitude positiva em relação à escola.
Respeitar os horários de entrada e saída também é um excelente indicativo de que as aulas são importantes. Tempos atrás, quando eu era coordenador num colégio, encontrei duas boas alunas no pátio. Elas chegaram atrasadas e esperavam para entrar na segunda aula. Conversei com ambas e descobri que os pais tinham atrasado. Por isso, não puderam entrar na primeira aula. Uma delas disse que a mãe foi tomar banho faltando 20 minutos para o início da primeira aula, que seria o horário limite para chegar no colégio. A outra, o pai ficou na cama até mais tarde.
Veja, que mensagem esses pais passaram para as filhas em virtude do comportamento deles? Se isso acontece uma vez ou outra, ok. Entretanto, se atrasam constantemente, os filhos entendem que os compromissos deles não são relevantes para os pais. Os filhos vão entender que a escola não é tão importante. Isso pode desmotivar as crianças.

O cuidado vale para os uniformes. Se são obrigatórios e os pais não observam à regra, estão perpetuando nos filhos a cultura do “jeitinho” e das infindáveis desculpas. Está explícito nessa prática o desrespeito às normas. Como essas crianças vão lidar com as regras quando se tornarem adultas?

A participação em reuniões pedagógicas e nos eventos do colégio também demonstra envolvimento. As crianças necessitam se sentir cuidadas. Além disso, esse tipo de comprometimento resulta numa parceria produtiva entre a família e a escola.

Os pais precisam cuidar da rotina escolar. Crianças têm altos e baixos e, frequentemente, se distraem com outras atividades. Em casa, são os pais que têm o dever de criar o hábito e fazer a rotina de estudos funcionar.
A garotada também tem que brincar, fazer as atividades extraescolares, ter tempo para ler, ver televisão, usar a internet e, principalmente, descansar/dormir… Cabe aos pais monitorar essas rotinas.

Dá trabalho? Claro que sim. Mas ser pai/mãe é viver a experiência e a responsabilidade de educar uma criança de forma plena – e isso engloba tudo que tenha a ver com a escola.

Para terminar, um alerta: envolver-se é diferente de se intrometer. Não cabe a nós, pais, brigarmos com professores, coordenadores, muito menos com outros pais. Tem pais que fazem confusão em grupos de whatsapp da escola, que vão gritar com professores por causa da nota dos filhos. Tem pais que tratam professores sem respeito. Isso é péssimo. Prejudica o processo. Tira a autoridade do professor e reforça na criança a ideia de que a escola não serve para nada e que todos envolvidos com a educação são estúpidos.

Gente, os pais não possuem o conhecimento pedagógico e tampouco conhecem tudo que acontece na rotina escolar. Se estão incomodados, na dúvida, perguntem, conversem, dialoguem. E, se estiverem descontentes, troquem a criança de escola, procurando um ambiente que esteja em sintonia com os valores da família. Mas, lembrem-se, a escola é de todos. Não é um espaço para servir os interesses de uma única família; é um espaço coletivo e que tem também uma função social.


Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação

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