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De torcedores a cidadãos: a importância da razão na política

Você já se perguntou como suas emoções podem influenciar suas decisões políticas? Será que estamos escolhendo nossos representantes de maneira racional e consciente ou agindo como torcedores fanáticos? Hoje, convido você a refletir comigo sobre a importância do exercício da razão na prática política e como podemos romper com o comportamento passional.

A política não é um jogo de torcidas, mas um espaço de escolhas conscientes e responsáveis. É um domínio complexo que envolve escolhas conscientes e responsáveis.

O conceito de política remonta à Grécia Antiga, onde “política” – derivada da palavra grega “polis”, que se refere a cidade – era a arte de governar a cidade-estado. No diálogo “A República”, de Platão, a política é vista como um meio de alcançar a justiça, a harmonia e o bem comum. Aristóteles, outro filósofo grego, em sua obra “Política”, argumentou que o ser humano é um “animal político” (zoon politikon), inerentemente inclinado à vida em comunidade e à organização social.

Immanuel Kant, talvez o mais importante filósofo da modernidade, defendia a razão como base para a ação humana. Assim, agir racionalmente na política é agir eticamente e em busca do bem coletivo.

Cientistas sociais e psicólogos têm estudado extensivamente o papel das emoções e dos vieses cognitivos na tomada de decisões. Figuras eminentes como Max Weber, sociólogo alemão, e Daniel Kahneman, psicólogo que conquistou um Prêmio Nobel de Economia, ofereceram perspectivas importantes sobre esse tema, que são relevantes para a política.

Max Weber enfatizou o equilíbrio entre a ética da convicção e a ética da responsabilidade na tomada de decisões políticas. A ética da convicção se refere às crenças pessoais e emocionais, enquanto a ética da responsabilidade envolve a consideração pragmática das consequências de nossas ações. A tensão entre essas duas éticas, segundo Weber, é intrínseca à política e deve ser cuidadosamente gerenciada para evitar decisões impulsivas ou dogmáticas.

Daniel Kahneman, em sua obra “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, explica que os seres humanos têm duas formas distintas de processar informações. O ‘Sistema 1’ opera automaticamente e rapidamente, é instintivo, emocional, não pensa. Já o ‘Sistema 2’ é lento, porque demanda esforços mentais, incluindo cálculos complexos e escolhas deliberadas. Por isso, frequentemente, mesmo no que diz respeito à política, reagimos de forma passional – logo, como um torcedor, o que tem implicações profundas para a escolha de políticos.

Essas ideias nos lembram da importância de equilibrar nossas emoções e crenças pessoais com a consideração cuidadosa e racional das consequências de nossas decisões. Ao escolher nossos líderes políticos, precisamos estar cientes dos vieses cognitivos que podem afetar nosso julgamento e procurar tomar decisões informadas e responsáveis que levem em conta o bem-estar da sociedade como um todo.

Então, como cidadãos, devemos lembrar que nosso compromisso é com o bem de todos, e não com a defesa incondicional de um político ou partido. Se o político em quem votamos falhar, devemos estar dispostos a buscar alternativas melhores e manter o foco no bem coletivo.

John Stuart Mill, um importante filósofo, defendia o valor do debate e do confronto de ideias para o progresso humano. Então, que tal adotarmos uma postura mais aberta ao diálogo, disposta a ouvir opiniões diferentes e a reavaliar nossas escolhas quando necessário?

Em vez de nos comportarmos como torcedores apaixonados, é crucial mantermos uma postura crítica, racional e aberta ao diálogo na prática política. Dessa forma, estaremos contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e consciente.

Lembre-se: na política, o verdadeiro vencedor deve ser o povo. E, como ressalta Thomas Jefferson, “a educação é o primeiro refúgio de um povo que busca a liberdade”. Portanto, esteja sempre disposto a aprender, questionar e refletir sobre suas decisões políticas. Não seja um torcedor, seja um cidadão consciente e engajado.

Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação

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