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Se todos fossem honestos

Várias vezes por dia, em todos os lugares da Terra, milhões ou bilhões de pessoas repetem um fervoroso pedido a Deus: “Venha a nós o vosso Reino”.

     Entende-se como Reino de Deus uma sociedade na qual vivam todos em absoluta harmonia, amando-se e ajudando-se uns aos outros. Um paraíso onde ninguém odeie, ninguém inveje, ninguém calunie, ninguém roube, ninguém mate, ninguém desrespeite as leis estabelecidas, ninguém a ninguém faça mal algum.

     Em alguns países já até se conseguiu avançar razoavelmente nessa direção – sinal de que o grande sonho pode ser bem mais que um grande sonho.

     Mas imagine o que aconteceria se Deus, de uma hora para outra, decidisse tornar realidade o seu Reino neste planeta inteiro.

    Claro: seria o evento mais auspicioso da história. Porém não tardaria a aparecer alguém “alertando” que de imediato ocorreria um problemão: uma enorme onda de desemprego.

     Num mundo onde todos fossem honestos e bons, um mundo completamente livre do mal, não seriam mais necessários os serviços de proteção do bem. Deixariam então de existir todas as profissões relacionadas com a segurança e a justiça.

     Porém calma lá. Deus não resolveria um problema criando outro. Numa sociedade justa, honesta, generosa, fraterna, solidária, ninguém ficaria sem função, muito menos sem pão. Os que hoje prestam serviços na defesa dos cidadãos contra os malfeitores ou na solução de questionamentos jurídicos passariam a servir como bombeiros, salva-vidas, socorristas em momentos dramáticos como acidentes ou intempéries. Poderiam também oferecer preciosos préstimos nas áreas da educação, dos esportes, dos transportes, da saúde, da assistência social, das atividades empresariais e em tantos outros campos.

     Podemos por isso, tranquilos e esperançosos, continuar pedindo a Deus: “Venha a nós o vosso Reino”. O Reino virá sim, trazendo a plena paz, o pleno bem, o pleno amor. Talvez de uma hora para outra. Talvez, mais provavelmente, devagarinho. Deus é a máxima bondade e a inteligência máxima; sabe o que é melhor para nós.

     Devagarinho deixará a gente aprender a ser de fato gente. Às vezes por linhas aparentemente tortas, mas na certeza de um final feliz. Quem viver verá.

      Isaías garante:

      – Em paz o lobo e o cordeiro / a toca repartirão, / e afastarão por inteiro / as mágoas do coração.

      – Sem os ódios do passado, / sem agressão, sem conflito, / deitar-se-ão lado a lado / o leopardo e o cabrito.

      – O bezerro e o leãozinho / irão juntos a passeio, / e até mesmo um menininho / os tocará sem receio.

      – A vaca terá no urso / seu parceiro de pastagem, / sem disputa, sem concurso, / sem nenhum tirar vantagem.

      – As crianças brincarão / no campo tranquilamente, / podendo até pôr a mão / na ninhada da serpente.

      – Jamais o mal será feito / a nenhuma criatura. / Será o reinado perfeito / da bondade e da ternura.

      – Pois como a água enche o mar, / nesse dia há de o Senhor / a terra inteira inundar / de paz, de justiça e amor.   

A. A. de Assis
Foto – Reprodução

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