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Tragédias culposas

    A cidade de Cascavel- PR está marcada  na minha trajetória de vida, por ser onde  iniciei minha carreira no Banco do Brasil, na década de 70. No último dia 09 entrou para história dos grandes desastres da aviação, pois  de lá partiu o voo da   Voepass, que caiu em Vinhedo- SP, vitimando 62 pessoas.

            As razões pelas quais outros 10 passageiros que embarcariam  e não conseguiram, são entendidas, por muitos, como um livramento de Deus. Não parece injusto? Por que Deus livraria uns poucos e deixaria que muitos parecessem? Vejamos como a doutrina espírita, a gnose, e a psicologia analisam as mortes  coletivas, em matéria do Jornal O Tempo, de 07/02/2017, que resumimos:

                “Divaldo Franco, palestrante e grande liderança espírita,   cita o “Livros dos Espíritos”, dizendo que o propósito da divindade é fazer a sociedade progredir, e que dentro das soberanas leis somente nos acontece aquilo de que temos necessidade para evoluir. A lei de causa e efeito estabelece os parâmetros não somente dos resgates coletivos, mas também das técnicas que induzem os indivíduos a essa provação”.

      Marcelo Gardini,  da União Espírita Mineira, diz que  Chico Xavier  falava que os resgates em massa acontecem em momentos de transição. “Geralmente eles acontecem quando um grupo de pessoas precisa passar por determinada prova de “desencarne”. Por meio da misericórdia divina, essas pessoas são encaminhadas para experienciar juntas uma tragédia, a fim de sanar débitos coletivamente. No acidente com a Chapecoense, por exemplo, um dirigente não embarcou, e sobreviveram quatro pessoas. Eles não tinham que vivenciar aquele desencarne”.

      Explica que cada espírito recebe um planejamento reencarnatório. “É quando o plano espiritual decide quais experiências serão vividas. No entanto, cada um tem o livre-arbítrio e pode fazer escolhas que podem suavizar ou piorar suas dívidas.

      Quando ‘nasce’ o indivíduo esquece suas vivências passadas e os compromissos assumidos. “O espírito não traz essas lembranças, pois passa pela nuvem do esquecimento. Mesmo nos desencarnes coletivos, quando o contexto é o mesmo, cada pessoa vivencia uma experiência individual. Nenhum desencarne é igual ao outro.

      Já para Márcio Veloso de Castilho, da Gnose,  os resgates coletivos são a soma do que os indivíduos fazem, inclusive em outras vidas, questão de   causa e consequência.

     O psicanalista João Carvalho Neto afirma que  a lei do carma é uma tese  confirmada nos  consultórios quando se lida com os sintomas atuais de  pacientes sendo explicados, por meio da regressão, por comportamentos de outras vidas que geraram consequências para o presente.

      Esse princípio estaria de acordo com a lei de sincronicidade proposta por Carl Gustav Jung. “Ele percebeu que o inconsciente humano está ligado a uma macroestrutura, o inconsciente coletivo, de onde é influenciado com base nas suas necessidades de harmonização. Nós nos ligamos pelas necessidades cármicas geradas em outras vidas, não pelos fatos em si mesmos, mas por seus significados, a outras pessoas e ao inconsciente coletivo, vivenciando experiências comuns a que somos conduzidos inconscientemente”, diz o psicanalista.

      Sabemos que é muito difícil, digo eu, dizer para uma pessoa que perdeu seu ente querido numa tragédia, como o desastre da queda de um avião, que no mundo há injustiças, mas não injustiçados, e não é o momento de buscar culpados.

      De mortes coletivas, não podemos esquecer de uma grande tragédia que vitimou muitas pessoas no Brasil e em todo o Planeta, a recente pandemia da Covid-19, em alguns períodos o equivalente a até 50 acidentes aéreos, diários.

Há culpados? Certamente que sim, mas se acreditamos que não há injustiçados perante às leis divinas, devemos aplicar a passagem evangélica em Mateus 18-7,  pois é necessário que venham escândalos, mas, ai do homem por quem o escândalo venha.

Tragédias são, em sua maioria, culposas segundo a classificação do código penal dos homens. 

 Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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