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Consciência pesada

      Neste ano, o Brasilcomemorou pela primeira vezo Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra, como   feriado em todo o país. A data já era celebrada   em alguns municípios,  mas se tornou nacional em dezembro de 2023.

      Autor do Projeto de Lei 296/15, o deputado Valmir Assunção, relembra que a proposta tramitou por oito anos, enfrentando resistências daqueles que achavam, segundo ele, que o povo negro não merecia uma data  para exaltar  seus heróis e  heroínas.

      Mais um feriado injustificável, disse-me um amigo, empresário, com quem conversei nesse feriadão de 15 a 20 de novembro, que aproveitamos para descansar em Balneário Camboriú- SC. Respondi com uma pergunta, a  ele, que é católico, ligado diretamente às atividades da igreja: E os feriados religiosos para comemoração de ‘dias santos’? Também são injustificáveis, pois as comemorações poderiam acontecer no domingo seguinte, com o que concordei.

      Sem adentrar no mérito das justificativas para mais um feriado nacional, expressei minha opinião: Se por um lado a indústria e comércio argumentam que a cada feriado há prejuízos incalculáveis, afetando a produtividade de um pais que já tem produtividade baixa, há uma indústria de se beneficia dos feriados, a indústria do turismo,  Balneário Camboriú é um exemplo disso, e aqui estamos para justificar, conclui.

      Não sei de convenci meu amigo, pois logo entrei nas razões para as comemorações e conscientização de uma dívida pesada, mais que isso, um verdadeiro carma coletivo do Brasil, como nação, para os descendentes de africanos que foram escravizados  por mais de três séculos, aqui,  e hoje  ainda sofrem com a discriminação. 

      Penso que talvez seja uma questão de ‘consciência pesada’, expressão  que refere-se a um sentimento de culpa que surge quando uma pessoa se depara com a dificuldade de enganar a si mesma. Ou seja,  mais um passo no resgate do carma coletivo que, como  nação, adquirimos, indiretamente, com a escravidão, escravatura, escravização, seja qual for o termo usado para definir o aproveitamento, uso e abuso da mão de obra dos irmãos originários do continente africano.

      Dizemos indiretamente, pois há quem, como Divaldo Franco,  entenda esse carma  tenha ficado para o império português, embora isto não tenha isentado do carma individual todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a exploração dos escravos.

        Segundo Divaldo Franco (Tribuna Espírita, maio/junho 2009) o único conflito que criou sério débito espiritual para a nação brasileira foi na guerra contra o Paraguai (1864-1870). Mas o D. Pedro II teve de responder a uma invasão de nossa nação pelo ditador daquele país. Entretanto, os excessos ocorridos por parte do Brasil criaram um carma coletivo para ao nosso país que  teria sido  “quitado” pela construção da Usina de Itaipu, muito benéfica para os paraguaios;

      Portugal foi o país escolhido, pela Espiritualidade Superior, para colonizar o Brasil e a vinda dos negros africanos foi importante para a formação da “raça brasileira” (branco europeu – índio – negro africano). A escravidão foi uma decisão dos homens da época, um crime decorrente do profundo atraso moral que existia em todas as nações europeias naquele período. Mas se existe injustiça, não existem injustiçados pois os primeiros escravos que chegaram ao Brasil eram espíritos que em reencarnações pregressas foram senhores feudais, cruzados, inquisidores etc., que conseguiram se redimir dos crimes que haviam praticado através da expiação dolorosa na escravidão, completa o grande orador.

       O negro de hoje pode ter sido o senhor de engenho de ontem. O branco, preconceituoso de agora, poderá renascer com a cor da pele escura amanhã. Limpemos nossas consciências desse peso, enquanto é possível.

       Conscientizemo-nos que somos  Humanos , essencialmente Almas, em corpos, cuja cor da pele não significa superioridade ou inferioridade. Brancos , negros, pardos … somos iguais.

Akino Maringá, colaborador 
Foto – Reprodução

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