O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Maringá (Sismmar) levantou um debate importante sobre o risco biológico enfrentado pelos servidores públicos durante as exumações de vítimas da Covid-19. A questão foi destacada em uma postagem do sindicato nas redes sociais, em que alerta para a necessidade de uma abordagem intersecretarial, envolvendo diversas pastas, para definir protocolos de segurança no momento das exumações.
Segundo o Sismmar, o problema surge devido ao estado de decomposição de cadáveres que, até três anos após o sepultamento, ainda não apresentariam o processo de decomposição esperado. A principal causa apontada pelo sindicato são os sacos impermeáveis utilizados durante o sepultamento das vítimas da Covid-19, que teriam retardado a decomposição natural dos corpos.
“O sepultamento de muitas vítimas da Covid-19 foi feito com o corpo envolto em material plástico impermeável. Durante as exumações, os servidores estão encontrando corpos com decomposição atrasada, mesmo após dois ou três anos do enterro. Esse cenário é novo e ainda carece de informações mais detalhadas, inclusive em nível federal”, explica o sindicato.
Além disso, o Sismmar destaca o risco biológico enfrentado pelos coveiros, que podem ter contato com fluidos e gases acumulados no interior dos sacos plásticos durante o processo de exumação. O sindicato tem se reunido com a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) para discutir o problema e argumentar sobre a necessidade de garantir a segurança dos servidores.
“O sindicato está aprofundando os estudos sobre o caso, que exige mais atenção em todo o Brasil. Estamos cobrando documentos e informações que irão embasar as próximas ações do sindicato”, conclui o comunicado.
O assunto também foi discutido com o secretário de Infraestrutura, Vagner Mussio, que reconheceu as preocupações do sindicato. Mussio afirmou que o município está ciente do problema, mas ressaltou que a responsabilidade pela regulamentação e definição de protocolos para as exumações de vítimas da Covid-19 é do Ministério da Saúde (MS).
“O problema é conhecido e estamos trabalhando para resolvê-lo, mas dependemos da regulamentação do Ministério da Saúde. As exumações só ocorrem por ordem judicial ou quando familiares solicitam sepultamentos no mesmo túmulo. No momento, uma das medidas que podemos adotar é impedir novos sepultamentos em túmulos de vítimas da Covid-19 até que o MS defina como proceder”, explicou Mussio.
O secretário também destacou que a Prefeitura está comprometida com a saúde e segurança dos servidores, mas enfatizou a necessidade de diretrizes claras que garantam a proteção biológica no processo de exumação.
Alexia Alves
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