
Moradores do edifício Maria Tereza, localizado na esquina da Avenida Getúlio Vargas com a Avenida XV de Novembro, estão fora de casa e sem acesso aos apartamentos desde a manhã de ontem após serem evacuados imediatamente por grave abalo estrutural no prédio. Cerca de 200 moradores tiveram que abandonar todos os pertences de todos os andares de um dos prédios mais antigos de Maringá.
Segundo o Cabo Edson Felipe Mazarin, dos bombeiros, a causa do problema foi uma falha estrutural relacionada à falta de manutenção no térreo do prédio, que possui uma loja. Durante a reforma, que estava sendo realizada para corrigir falhas identificadas, uma das colunas principais da edificação colapsou.
A empresa contratada para realizar os reparos no edifício havia começado o trabalho de correção no sábado, mas durante o processo, uma das colunas que já apresentava fissuras e sinais de oxidação nas ferragens internas não suportou a intervenção e cedeu ontem, segunda-feira.
A situação gerou grande preocupação entre os moradores e autoridades locais, que optaram pela interdição do prédio, de 15 andares residenciais, e uma sobreloja comercial, até que uma vistoria completa fosse realizada.
“Quando identificamos a coluna comprometida, já havia escoras parciais no local. Porém, a coluna colapsou durante o processo de reforma. A empresa está agora reforçando a estrutura com escoras adicionais para evitar um colapso total”, explicou o Cabo Mazarin.
Ele ressaltou que o prédio permanece interditado por questões de segurança, e que o tempo necessário para a liberação dependerá da avaliação dos engenheiros responsáveis.
A coluna que cedeu foi identificada como o ponto mais crítico da estrutura do edifício. O Cabo Mazarin explicou que, antes do colapso, a estrutura da coluna já apresentava sinais de desgaste, como fissuras visíveis e oxidação nas ferragens, um indício claro de que a manutenção do local não estava sendo realizada adequadamente.
Quanto ao impacto da reforma, o Cabo Mazarin informou que a empresa contratada para os reparos estava justamente tentando resolver os problemas estruturais do prédio. “Havia uma reforma em andamento, e foi durante esses trabalhos que a empresa descobriu o problema na coluna. No entanto, durante a correção, a coluna acabou não resistindo e colapsou”, afirmou.
A Defesa Civil de Maringá inspecionou o local e determinou que uma empresa especializada em análise estrutural fosse contratada para avaliar os danos no edifício. Enquanto isso, o prédio permanece interditado. Bloqueios de tráfego estão em vigor nas avenidas Getúlio Vargas e XV de Novembro nas imediações do edifício, com equipes da Guarda Civil Municipal e da Secretaria de Mobilidade Urbana monitorando a área. Não há previsão para liberação das vias.
MORADORES
Os moradores do prédio, abalados com a situação, relataram momentos de pânico. Vitor Rissato, morador do edifício, descreveu o momento de tensão: “Eu estava no computador, normal, com a minha esposa, e então ouvimos um barulho grave. O prédio todo tremeu. Inicialmente, não parecia algo tão grave, pois o barulho parecia algo comum, como se algum vizinho tivesse derrubado algo. Mas depois vi uma moça correndo e avisando que o prédio estava sendo evacuado. Então, eu e minha esposa pegamos os nossos gatos e saímos correndo”, contou Rissato, ainda visivelmente preocupado.
Sirene Marzine Lama, idosa moradora do prédio, também comentou sobre o susto. “Os moradores começaram a bater nas portas, eu levei um susto muito grande, foram muitas chamadas. Eu moro aqui há 16 anos, eu não ia descer, pois não sou muito de ter medo, mas daí foram chamar, desesperados, e todo mundo começou a descer, aí eu desci também”.
Outra moradora, Carma Elíssia dos Santos, que está no prédio há 40 anos, também descreveu o momento de pânico. Ela contou que estava fazendo tarefas domésticas quando sentiu o impacto.
“Estava usando o aspirador de pó, e de repente senti um baque muito forte, parecia que algo grande havia caído no andar de cima. Na hora, achei que fosse algo normal, mas quando ouvi o alarme, peguei meus documentos e desci rapidamente. Foi muito forte, realmente assustador”, disse.
Carma também relatou que o risco de um colapso já havia sido previsto. “Meu namorado, que é engenheiro, olhou e disse que essa coluna não aguentaria. Eu ainda liguei para ele ontem, quando estávamos indo à farmácia, e ele confirmou que daria problema. Ele disse que as barras não aguentariam, e que um colapso era inevitável”, revelou Carma, visivelmente abalada com a situação.
A interdição do prédio e a evacuação dos moradores foram medidas essenciais para evitar tragédias maiores.
De acordo com o Cabo Mazarin, o tempo da interdição dependerá da avaliação técnica dos engenheiros, que farão uma vistoria minuciosa no local para definir se a estrutura do prédio pode ser restaurada ou se será necessário realizar mais reformas para garantir a segurança dos moradores.
Enquanto a situação não for completamente regularizada, os moradores do edifício Maria Tereza não poderão retornar aos seus apartamentos. A comunidade e os especialistas aguardam mais informações sobre os próximos passos para a reparação total da estrutura e a liberação do edifício.
Pioneiro da verticalização
O Edifício Maria Tereza foi o primeiro arranha-céu a ser construído em Maringá. Teve seu alvará de construção liberado em 1961 e marcou o início do processo de verticalização da cidade. Seria, como foi, um condomínio residencial, ao contrário do Três Marias, da mesma construtora, iniciado um ano depois, mas que terminou antes para ser um prédio só de salas comerciais. O atraso nas obras do Maria Tereza, localizado na esquina da Avenida Getúlio Vargas com XV de Novembro, ocorreu devido à suspeita de que o prédio estaria afundando. A notícia que circulou na época, embora desmentida pela construtora, foi de que o Maria Tereza teria cedido cerca de 1 centímetro e meio em um de seus lados. Uma equipe de engenheiros fez uma rigorosa inspeção e só após a emissão do laudo , as obras foram retomadas.
Alexia Alves
Foto – Alexia Alves