Início Colunistas Ambientes moldam escolhas: quem está no controle?

Ambientes moldam escolhas: quem está no controle?

Você já reparou que, muitas vezes, não é apenas sua força de vontade que define o que você faz, mas também o lugar onde você está? O autor Benjamin Hardy, no livro “Força de Vontade Não Funciona”, defende uma tese contundente: se você não moldar seu ambiente, o ambiente vai moldar você.

Parece simples, mas é poderoso. Pense na alimentação, por exemplo. Se você estiver cercado de guloseimas, é provável que acabe comendo mais do que pretendia. Se estiver em um escritório barulhento, sua concentração será menor. E por aí vai. Não estou dizendo que o ambiente seja culpado de tudo, mas ele exerce uma influência enorme nas nossas decisões diárias — muito mais do que costumamos imaginar.

A maioria das pessoas acredita que, para mudar, basta querer muito algo. Mas, se isso fosse verdade, por que tanta gente continua procrastinando, mesmo quando tem claro o que gostaria de conquistar? A verdade é que o nosso cérebro prioriza, de forma quase automática, o que está à nossa volta. Se o seu ambiente facilita uma ação, você tende a fazê-la. Se dificulta, fica bem mais complicado.

Por isso, não adianta ficar brigando com a própria disciplina se suas circunstâncias te empurram para outro caminho. Força de vontade tem limites, e se você vive num lugar cheio de distrações, interrompendo seus focos, em pouco tempo a sua determinação acaba cedendo. Hardy resume: não basta querer mudar; é preciso moldar o ambiente para que a mudança seja possível.

A boa notícia é que você não precisa mudar de país ou de emprego para começar a moldar o seu ambiente. Às vezes, bastam ajustes simples para causar diferença:

Se você quer ler mais, deixe livros ao alcance das mãos e remova distrações digitais do seu espaço de leitura.

Se deseja comer melhor, pare de comprar alimentos ultraprocessados ou doces irresistíveis. Quando eles não estão por perto, a tentação fica menor.

Se busca maior produtividade, organize seu local de trabalho, eliminando tudo que possa te tirar a concentração.

Essas alterações, aparentemente pequenas, ajudam a criar “atalhos” para os comportamentos que você deseja cultivar. É como se o cenário fizesse o trabalho de te lembrar, a cada instante, do que realmente importa.

Claro, nem tudo está sob nosso controle. Há momentos em que o ambiente de trabalho, por exemplo, é caótico e você não pode mudar de emprego imediatamente. Ou a casa onde você mora tem limitações. Entretanto, mesmo em situações assim, é possível encontrar brechas para direcionar o espaço a seu favor. Pode ser reorganizar a mesa, encontrar um cantinho silencioso para meditar cinco minutos por dia, negociar com familiares um momento de silêncio ou ajuda mútua nas tarefas domésticas. Pequenos passos criam uma base para mudanças maiores no futuro.

Para Benjamin Hardy, o grande problema não é “falta de motivação”: é tentar crescer num ambiente que sabota nossos esforços. E o pior é que, se você não molda o ambiente, o ambiente molda você — geralmente para comportamentos automáticos, que não exigem esforço, mas também não geram progresso. Por isso, sempre vale a pena se perguntar: meu espaço me conduz aonde desejo chegar ou me desvia do caminho?

Pegou a ideia?

Mais do que depender exclusivamente da disciplina, é preciso fazer do seu ambiente um aliado. Dessa forma, você aumenta as chances de persistir e construir hábitos que realmente importam.

Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras |  Doutor em Educação

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