Muita gente acha que bagunça é apenas um detalhe, algo que reflete uma personalidade mais “livre” ou “criativa”. Mas a desorganização diária pode se transformar em autossabotagem – é o que mostrou uma reportagem recente da revista Você RH. A publicação me inspirou a compartilhar o tema aqui.
Falta de organização é problema: afeta a produtividade, a clareza mental e até a saúde emocional. E não se trata só da mesa de trabalho bagunçada ou das centenas de mensagens e emails não lidos. Trata-se da maneira como lidamos com nossas obrigações, prioridades e, no fim, com nós mesmos. Se a gente não é capaz de organizar uma mesa, como será capaz de organizar nossas ideias, nossa rotina, nossa vida?
Mas, afinal, por que ser desorganizado pode nos prejudicar tanto? Para começar, a desorganização gera uma sensação de sobrecarga mental. Quando você não sabe exatamente o que tem de fazer, onde encontrar suas coisas ou quais compromissos deve cumprir, cria-se um ruído constante na cabeça. Esse ruído não só rouba energia, mas também aumenta o estresse e a ansiedade.
Além disso, a desorganização prejudica a capacidade de tomar decisões. Quando as informações estão dispersas — seja em dezenas de abas no computador, em uma caixa de entrada transbordando ou em papéis que você nem sabe onde guardou —, sua cabeça não consegue processar as coisas com clareza. Você demora para decidir o que fazer, vive “apagando incêndios” e, com isso, desperdiça oportunidades de criar algo significativo e duradouro.
Outro ponto crítico é a queda de produtividade. Um ambiente e um sistema organizados permitem que você seja mais objetivo. Desaparece aquela necessidade de “caçar” documentos ou de verificar as mensagens a cada dez segundos. Você passa a ter processos definidos, listas claras e uma rotina de verificação que não exige tanta energia mental.
E não é só o trabalho que sai perdendo com a bagunça. Nossa vida pessoal também sofre. Tarefas domésticas se acumulam, compromissos importantes são esquecidos e a vida é comprometida porque, no fundo, nunca sabemos quando algo urgente vai “pipocar”. No fim do dia, a soma de pequenos atrasos e descuidos pode se tornar um grande problema, seja em contas atrasadas, problemas de saúde ignorados ou relacionamentos negligenciados.
A desorganização também pode levar a uma sensação de incapacidade crônica. É aquele famoso pensamento: “Se eu não dou conta nem de organizar meu dia ou minha mesa, como vou dar conta de projetos maiores ou de sonhos mais ambiciosos?” Esse tipo de raciocínio acaba minando a autoconfiança, criando um ciclo de procrastinação e mais bagunça.
Mas há esperança. Com estratégias simples e a adoção de alguns hábitos diários, podemos combater esse estado de caos. Escolher uma ferramenta de planejamento que faça sentido para você — seja um planner físico, um aplicativo de listas ou até mesmo um quadro na parede — ajuda a enxergar claramente as suas tarefas e compromissos. Dedicar alguns minutos do dia para colocar ordem no espaço de trabalho e na agenda também faz diferença.
No fundo, o grande problema de viver no caos é que a gente acaba se atrapalhando até com as coisas mais simples e perde a chance de realizar aquilo que realmente importa.
Portanto, se você anda se sentindo sobrecarregado, ansioso, com aquela impressão de que não sai do lugar, considere prestar atenção à desorganização ao seu redor. Comece reparando na sua mesa: como ela está? Pode ser que a chave para se tornar mais produtivo e menos ansioso esteja em algo aparentemente simples: colocar as coisas em ordem.
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Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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