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O poder do púlpito

Quantas pessoas você acha que acompanham, num domingo, cada missa do Santuário de Nossa Senhora Aparecida? O templo comporta cerca de 30 mil. Porém as missas são transmitidas também pelos meios de comunicação do Santuário: televisão, rádio, internet, e em alguns eventos outras emissoras católicas entram em rede. No total não sei calcular quantos fiéis participam da celebração, mas acredito que de 500 mil a um milhão. Gente à beça.

     Aí fico pensando na responsabilidade do sacerdote celebrante. Consciente do tamanho do público para o qual irá pregar, o que será que passa pela cabeça dele? Será que não sente tremer as pernas? Cada um dos ouvintes da homilia espera que ao final terá aprendido algo especialmente importante e crescido um pouco mais em sua espiritualidade. Mas será que isso costumeiramente acontece? O fiel entende a mensagem do pregador? Consegue pelo menos não dormir durante a prédica?

     Vem de repente à lembrança um dos textos mais fortes do padre Antônio Vieira (1608-1697), o Sermão da Sexagésima: “Para uma alma se converter por meio de um sermão há de haver três concursos: há de concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo; há de concorrer o ouvinte com o entendimento, percebendo; há de concorrer Deus com a graça, alumiando”.

     Ora, a graça de Deus evidentemente jamais falha, é sempre eficaz. Então, se a homilia não produz o esperado fruto, a falha só pode ser do ouvinte (caso não preste atenção na fala do pregador), ou do pregador (caso não tenha preparado a homilia com o necessário cuidado).

     Num final de semana, no mundo inteiro, quantos milhões de pessoas, dos mais diversos segmentos religiosos, participam das missas, dos cultos e de outros atos de espiritualidade? Nessas ocasiões, quantos padres, pastores e outros líderes, mediante sua pregação, têm oportunidade de ajudar multidões a trilhar um bom caminho e achar a melhor forma de viver felizes, partilhando a construção de um mundo de paz, justiça e alegria?

     Responsabilidade muito grande mesmo. O púlpito tem um poder enorme, portanto não pode ser desperdiçado. Em uma breve mensagem de 15 minutos, numa capelinha ou falando pela TV para milhões de ouvintes, o porta-voz de Deus pode realizar maravilhas.

     Após reler alguns trechos do Sermão da Sexagésima, fiquei então matutando sobre o quanto é importante, em nossas orações, a gente lembrar sempre dos pregadores, pedindo aos céus que lhes deem talento, clareza, pureza, entusiasmo e bastante inspiração, a fim de que possam, com palavras sábias e santas, bem-cumprir sua preciosa missão.

     Precisamos muito de todos eles e com eles contamos para que nos ajudem a crescer continuamente como filhos de Deus e assim iniciar, já nesta etapa da existência, a feliz experiência da vida eterna.

A. A. de Assis
Foto – Reprodução

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