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Um VAR para a vida

Para os poucos familiarizados com o futebol, VAR   é  a sigla de Video  Assistant Referee), um sistema eletrônico de apoio à arbitragem, implantado pela FIFA a partir da Copa da Rússia, que tem por objetivo ajudar o árbitro central, no campo de jogo, a tomar decisão em lances considerados duvidosos.
        
Foi graças ao VAR que o Palmeiras escapou de ser eliminado na Copa Libertadores da América, este ano, pois não fosse a correção do sistema, poderia ter sofrido mais três gols irregulares, em lances que o árbitro de campo não enxergou corretamente.
        
Palmeirense que sou, ocorreu-me: E se tivéssemos um ‘Var’ para vida, a impedir que cometêssemos erros grandes, que prejudicam a nós e aos nossos semelhantes?  Então vejamos um texto para refletirmos sobre o assunto:
           
‘No mês de março de 1958, um jornal inglês noticiava o seguinte sobre o Sr. Morisson, que acabava de morrer na Inglaterra, deixando uma fortuna de cem milhões de francos. Segundo o jornal, nos últimos anos de sua vida ele sofreu de singular monomania: imaginava-se reduzido à extrema pobreza e devia ganhar o pão de cada dia com um trabalho manual.  

Sua família e seus amigos haviam reconhecido a inutilidade de tentar fazê-lo mudar de idéia.  Era pobre, não possuía um centavo e devia trabalhar para viver: essa a sua convicção. Punham-lhe, pois, uma enxada nas mãos a cada manhã, e o mandavam trabalhar em seus jardins. Logo vinham procurá-lo, pois sua tarefa estava concluída; pagavam-lhe um salário modesto pelo trabalho, e ele ficava contente; seu espírito era apaziguado e sua mania satisfeita. Teria sido o mais infeliz dos homens se o tivessem contrariado, conta-nos Alan Kardec na Revista Espírita publicada naquele ano ( 1958), período em que o pedagogo codificada a Doutrina Espírita, sistematizando manifestações  de Espíritos, através de mediuns de várias partes do Planeta.

Ocorreu-lhe evocar o Espírito, Sr. Morrison, em uma das sessões e o fez com a seguinte oração:  Peço a Deus Todo-Poderoso permitir ao Espírito Morisson, que acaba de morrer na Inglaterra, deixando uma fortuna considerável, que se comunique conosco. A  resposta, passados alguns instantes,  foi:  Estou aqui. Seguindo-se o diálogo, com participação do Espírito São Luiz, que viera sustentar o recém desencarnado, que se manifestava pela Medium Hermance Dufaux:

Kardec fez a primeira pergunta(P): Lembrai-vos do estado em que vos acháveis durante os dois últimos anos de vossa existência corporal? Resp.(R) – É sempre a mesma. (P). Após a morte, vosso Espírito ficou ressentido da aberração de vossas faculdades durante a vida? (R)– Sim. (São Luís completa a resposta, dizendo espontaneamente): “Desprendido do corpo, por algum tempo o Espírito sente a compressão dos seus laços.” (P)- Assim, uma vez morto, não recobrou vosso Espírito imediatamente a plenitude de suas faculdades? (R)– Não. (P)- Onde estais agora? (R) Atrás de Ermance ( a medium). (P)- Sois feliz ou infeliz? (R)– Falta-me alguma coisa… Não sei o quê… Procuro… Sim, sofro. (…)

E prosseguiu a entrevista: Por que sofreis? (R). – “Sofre pelo bem que não fez”, respondeu São Luís. Que uso fizestes da fortuna quando desfrutáveis da plenitude da razão? (R)– Nenhum; creio que a gozava.  Por que vos teria Deus concedido fortuna, já que não devíeis empregá-la em benefício dos outros?(R)– Eu havia escolhido a prova.

As perguntas e respostas seguintes nós fazem entender que pobres podem ser ricos e ricos pobres em encarnações seguintes: Lembrai-vos da existência que precedeu a que acabais de deixar? (R). – Sim. Que éreis, então? ((R) – Um operário. Se tiverdes de renascer na vida corpórea, de quem dependerá a posição social que desfrutareis? (R)– De mim, suponho. Já escolhi tantas vezes que isso não pode depender senão de mim. Observação– Essas palavras: “Já escolhi tantas vezes” são características. Seu estado atual prova que, apesar das numerosas existências, pouco progrediu, estando sempre a recomeçar. Qual a posição social que escolheríeis, caso pudésseis começar de novo?( R) Baixa; avança-se com mais segurança; só se está encarregado de si mesmo.

 Kardec pergunta a  São Luís: Não haverá um sentimento de egoísmo na escolha de uma posição inferior, na qual só estamos encarregados de nós mesmos? (R). “Em parte alguma estamos encarregados apenas de nós mesmos; o homem responde por aqueles que o cercam, e não apenas pelas almas cuja educação lhe foi confiada, mas ainda das outras.

A conclusão que chegamos é que o ‘VAR da vida’ é consciência, que nem sempre acionamos ou escutamos a voz, por isso erramos. Em alguns, como no caso acima, a consciência sofre a partir de certo momento da existência, o que hoje se define como mal de alzheimer e parece desaparecer, em vida, mas ressurgirá após a morte.

Em meio à pandemia do coronavírus, onde morte nos ronda mais de perto, a narrativa de Kardec serve para refletirmos. Queiramos, ou não, a vida continua e seremos cobrados pelo implacável juízo da consciência, repito, ‘o VAR da vida’, que se não impede que erremos, nos aponta o caminho para que não repitamos erros em nova existência, através da reencarnação.

(*)Akino Maringá, colaborador do Blog do Rigon
Foto – Reprodução

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