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Meu amigo Schiavone

Achei na internet uma foto antiga em que aparece o meu grande amigo Ademar Schiavone, ao lado de sua querida Cida e dos filhos Júnior, Fernando Sérgio e Ana Paula. Bateu de repente uma baita saudade, recheada de boas lembranças.
   
Aconteceu comigo o mesmo que com muitos outros pioneiros, provavelmente com a maioria deles. Iniciei minha história em Maringá sozinho, com 21 anos, janeiro de 1955. Nenhum parente por perto, nenhum conhecido.
    
Mas o Anjo da Guarda cuidou sempre muito bem de mim. Pôs-me a morar vizinho da loja Rodolpho Bernardi, onde trabalhava um rapazinho com o qual tive a boa sorte de fazer amizade já nos primeiros dias. Ele mesmo: Ademar Schiavone.
    
Depois fui me enturmando também com a moçada que fazia refeições na Cantina do Zitão. Éramos como que irmãos, todos solteiros, apoiados uns nos outros para começar a vida na jovem Maringá que ainda respirava o aroma da floresta antiga. Schiavone foi, porém, desde então, personagem especial ao longo de toda a minha vida. Primeiro, como vizinho e amigo; algum tempo após como colega nas redações dos primeiros jornais da cidade. Trabalhamos juntos n’ “A Tribuna de Maringá”, no “O Jornal”, na revista “NP”, na Rádio Cultura e numa agência de publicidade.
    
A partir de 1963, eu já casado com Lucilla e com  duas filhas, moramos durante uns bons anos na Rua Padre Germano Mayer, a poucos metros da família Schiavone, em feliz e fraternal convivência com os irmãos do Ademar, todos eles muito gente boa: Adilson, Adélcio, Aparecida, Alaid, Alaércio, Ailton e Alda Maria.
    
Paulista nascido em Vera Cruz no dia 18 de abril de 1939, Ademar veio com os pais para Maringá em 1945, antes da inauguração oficial da cidade. Era um menino de apenas 6 anos. Foi engraxate, auxiliar de escritório, bancário, até virar jornalista. Foi um dos nossos primeiros colunistas sociais,  superbadalado na época. Tornou-se mais tarde influente comentarista esportivo e político, com atuação marcante em jornais e revistas, bem como no rádio e na televisão. No “Jornal do Povo”, assinava a famosa coluna “Memórias de um bom sujeito”, em que contava histórias de personagens ilustres da geração pioneira. Suas crônicas foram depois enfeixadas em três ótimos livros.
    
Por duas vezes foi candidato a prefeito e em diversas ocasiões titular de secretarias da prefeitura. Foi também governador do Distrito L-21 do Lions International.
    
Orgulhava-se de ter sido um dos integrantes da primeira turma de alunos da primeira escola de ensino superior da cidade: a Faculdade Estadual de Ciências Econômicas, precursora da UEM. Formou-se em Economia e Direito.
    
Com uma biografia tão rica, Ademar foi ainda  membro e presidente da Academia de Letras de Maringá, onde realizou precioso trabalho até os últimos dias de sua presença entre nós. Despediu-se no dia 5 de abril de 2016, às vésperas de completar 77 anos. Um grande sujeito, de fato.

A. A. de Assis
Foto – Reprodução

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