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Por que devemos buscar o autodesenvolvimento?

Por que devemos buscar ser melhores no que fazemos e no que somos? Será que não somos bons o suficiente? Será que não sabemos o necessário? Será que nossos atos de respeito, acolhimento, ajuda ao outro etc. já não nos tornam pessoas boas? Será que, em nosso trabalho, o que fazemos ainda precisa ser aperfeiçoado?

Acho que todo mundo, vez ou outra, tem a sensação de “ah… cansei”, “já fiz o bastante, agora deixa para os outros”.

Quando esses pensamentos atravessam nossa mente, estamos apenas sendo humanos. A vida exige muito de nós. Por isso, para a maioria das pessoas, o desejo mais básico seria deixar tudo como está e, se possível, ainda ganhar mais no trabalho e ter melhores relacionamentos.

Admite aí… Você está cansado! E para te cansar ainda mais, sempre aparece alguém dizendo que é necessário investir em si mesmo e nunca esquecer do autodesenvolvimento.

Sinceramente, eu entendo se é assim que você se sente. Eu me sinto assim. Entretanto, tenho descoberto algumas coisas interessantes que fazem acreditar – e defender – que vale a pena cuidar melhor de si.

Muita gente acha que o investimento diário no autodesenvolvimento tem a ver com se tornar um profissional melhor, alguém que se relaciona melhor com as outras pessoas… Logo, tem a ver com os outros. E se tem a ver apenas com os outros, com o que acontece fora de mim, dane-se os outros!

Mas não é assim que funciona.

O investimento em fazer melhor e ser melhor tem a ver com você.

É fato que quando você faz melhor o seu trabalho, se relaciona melhor com as pessoas, seu empregador ganha, as pessoas que estão contigo são beneficiadas. Você produz mais, gera mais lucros para o chefe. Você é mais gentil e, com isso, agrada mais os outros. Ou seja, é verdade que os outros lucram com seu desenvolvimento.

O maior ganho, porém, é pessoal. Ao se tornar uma pessoa melhor, você é mais feliz.

Ainda assim, isso quase sempre está no campo da utopia para a maioria de nós. Por quê? Porque nos autossabotamos. Em nossa mente, o problema são os outros – e isso condiciona as nossas ações.

Na prática, o nosso maior inimigo somos nós mesmos. É impressionante que, mesmo quando está dando tudo certo, conseguimos estragar as coisas.

Como achamos que “o problema são os outros”, criamos desconforto com um colega de trabalho por um comentário inapropriado, geramos confusão com um cliente por uma promessa que não precisava ser feita, produzimos um incêndio por uma tarefa que esquecemos de entregar porque não anotamos, não agendamos ou simplesmente deixamos de avisar que atrasaríamos.

É fato que a vida nos demanda muito. Com frequência, nos sentimos sobrecarregados. E ainda somos exigidos para melhorarmos. Nunca é suficiente.

E nunca é suficiente mesmo. Sempre há espaço para melhorar. Chega ser irônico: queremos um carro melhor, uma casa melhor etc., mas pouco lembramos de sermos melhores.

Embora pareça ser tudo muito pesado, esse discurso não é uma cobrança. Trata-se apenas do reconhecimento de que o investimento no autodesenvolvimento faz com que a vida se torne mais simples – mais fácil, mais leve.

Por exemplo, se você já está sobrecarregado e briga com um cliente, o que vai acontecer? Você vai criar um novo problema. O que já estava difícil, vai ficar ainda mais difícil. Você terá que investir tempo e energia para resolver um problema que não existia.

A mesma coisa acontece em casa. A vida está complicada, você está sob forte estresse e aí, por descuido, é grosseiro com a esposa, com os filhos… Pronto, criou um novo problema. Se não tiver disposição para se desculpar, se humilhar, vai arrastar o problema por dias.

E, se for igual a mim, vai se sentir culpado por um tempão – mesmo tendo pedido desculpas. E isso consome emocionalmente, afetando todas as outras áreas da vida.

O investimento diário em fazer melhor o trabalho, em falar melhor com as pessoas, em cuidar das emoções da maneira adequada significa trabalhar, como um escultor, tentando tirar do mármore a melhor versão de si mesmo, uma verdadeira obra de arte – como defendia Nietzsche.

Nós somos o nosso melhor projeto. Nada fora de nós tem efetivo valor se ignorarmos o que podemos fazer por nós mesmos.

E este não é um ato egoísta. Não se trata de ficar com a melhor parte do bolo, de roubar oportunidades de outras pessoas, de enganar alguém. Nada disso. Falo de olhar para si com amor, entendendo que Deus nos dotou de dons e talentos… E que podemos aperfeiçoar a cada dia aquilo que o Senhor nos deu.

A parábola dos talentos, contada por Jesus Cristo, geralmente é aplicada no campo espiritual. Mas eu penso a parábola dos talentos como uma metáfora da vida. Podemos simplesmente deixar a vida seguir o seu curso – nascer, crescer, estudar, nos tornarmos adultos, trabalhar, envelhecer, morrer. Todavia, isso parece pouco. Deus nos deu corpo e mente para que pudéssemos ampliar nossas habilidades.

E podemos fazer isso intencionalmente. Podemos, semelhante aos personagens da parábola, pegarmos os talentos e trabalharmos com eles na busca por aperfeiçoar, por ganhar mais.

Ou podemos nos acomodar, com medo de arriscar e perder. Mas, ao nos acomodarmos, abrimos mão de uma vocação natural, dada por Deus, de crescermos sempre.

Somos a única espécie capaz de olhar para si mesmo e identificar habilidades e debilidades, pontos fortes e pontos fracos.

Isso nos permite reconhecer que podemos potencializar aquilo que temos facilidade de fazer e até mesmo admitir que, de algumas coisas, devemos desistir. E/ou procurar ajuda para o que não damos conta de fazer sozinhos.

Nossos pais, a família, a escola, a sociedade, nos educaram. Mas não precisamos parar naquilo que nos foi ofertado. Podemos superar a programação que recebemos.


Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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