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O dom de exercitar a empatia

Sei que você já ouviu falar em empatia, mas você sabe o que é? Você tem empatia? Como você cultiva a empatia?

Alguns dicionários definem a empatia como a identificação psicológica com os sentimentos da outra pessoa. Ou seja, a empatia seria uma espécie de mecanismo que nos faz sentir um pouco do que a outra pessoa está sentindo.

Não significa absorver o estresse, a depressão, a ansiedade do outro; ter empatia significa ter a sensibilidade de perceber como a outra pessoa está se sentindo e se importar, de fato, com ela. Trata-se de algo que acontece em nosso cérebro em função dos chamados neurônios-espelhos.

Já nos primeiros meses de vida, é possível identificar a empatia nas crianças. Observe: se duas crianças pequenas, com cerca de um ou dois anos, estão juntas e uma delas se machuca, a outra logo vai ao socorro ou chora junto.

Com o tempo, porém, em função do próprio modelo de educação da família ou das experiências vividas, algumas podem deixar de ter empatia. Ou, pelo menos, ter essa habilidade um tanto anestesiada, diria.

Ao longo da vida, o dom de sentir empatia, ou ser empático, habilita você a se importar profundamente com os outros e a querer ajudar.

A empatia não é simplesmente uma questão de conexão; trata-se também da capacidade de observar e estar atento ao que acontece com as outras pessoas.

E justamente por isso, não é tão fácil vivenciar a empatia. A cultura atual fala de empatia, mas impossibilita a prática da empatia.

As conexões, cada vez mais virtuais, tornam as pessoas apenas nomes, imagens, projeções, personagens. Além disso, estamos sobrecarregados. São tantos problemas que demandam nossa atenção que quase não nos sobra tempo para reparar no amigo que está do lado. Pior, às vezes, não prestamos atenção sequer ao que está acontecendo com nossa esposa, marido, filhos…

Por isso, a empatia pode ser difícil em nossa sociedade. A empatia não é uma habilidade realmente fomentada pela cultura de competição e realização.

Além disso, temos sido educados a não demonstrar nossas emoções. Escondemos nossa vulnerabilidade. É preciso ser forte. O fracasso não pode ser revelado. As lágrimas devem ser derramadas às escondidas.

Entretanto, num mundo em que as pessoas estão cada vez mais doentes, é preciso virar a chave.

Se as pessoas estão anestesiadas e não demonstram empatia, isso não significa que devemos seguir a multidão. E sabe como podemos começar? Perguntando como as pessoas estão e nos dispondo a ouvi-las. Não vale aquele “tudo bem?” já esperando um “tudo bem” como resposta. Trata-se de realmente se interessar pelo que a outra pessoa está vivendo e tem a nos dizer.

Um segundo passo, ouvir sem julgar. Frequentemente, avaliamos o que a outra fala, o que a outra pessoa sente. E julgamos. Julgamos que não faz muito sentido, julgamos que se trata de fraqueza da pessoa, julgamos que a pessoa está exagerando. Portanto, ter empatia também é ouvir sem julgar.

Terceiro passo, aprender a dar valor ao que a outra pessoa sente. Cada pessoa é única. A frase é clichê, mas resume uma grande verdade. Cada pessoa sente de forma diferente. O que não dói em você, pode doer muito no outro. Temos nossa própria história e carregamos marcas que fazem com que cada um de nós sinta os acontecimentos de forma muito particular.

Ei, ter empatia é se importar com o que o outro sente, e não necessariamente no fato que desencadeou a dor. Às vezes, a gente olha para o fato e, pelo fato, avalia o que o outro está sentindo. Mas, se cada um sente de um jeito, nosso radar precisa estar sensível ao que a outra pessoa está sentindo. O fato tem menor relevância; é o que a pessoa está sentindo que realmente importa.

Quarto passo, ter empatia é se importar, abraçar, acolher e silenciar. Sim, é preciso silenciar. Silenciar a vontade de dar palpite, de opinar, aconselhar – e até de dizer aquelas frases vazias “ah… já passei por isso”, “ah… isso vai passar logo”. Pode ser verdade, mas não ajuda. Também é preciso silenciar o impulso de contar para os outros o que a outra pessoa está vivendo. Se não for pra encontrar mais ajuda, mais apoio, não há motivo algum para falar da dor da outra pessoa.

Pegou a ideia?

Exercite a empatia!


Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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